21 março, 2007

Nonada



Terminei de reler ontem o "Grande Sertão:Veredas". Li a primeira vez com uns 16, 17 anos. Reler foi outra viagem. Não sei se por ser muito utilizado em citações, esse livro está impregnado no meu imaginário, talvez no inconsciente coletivo nacional. Parecia que eu o sabia de cor e, ao mesmo tempo, não sabia nada dele. De todo modo, foi um outro livro que terminei ontem. Igual e diverso ao que li há anos.

Não deixou de cair uma lágrima por Diadorim, essa princesa que só a morte com seu condão é capaz de desencantar dos malefícios da fada madrasta e mãe: O Sertão.

E dessa nova leitura, ficou mesmo isso: "Grande Sertão:Veredas" é um conto-de-fadas. O herói, Riobaldo, recebe o chamado para a aventura quando encontra o Menino Diadorim, por quem se apaixona. Um dia, ele sai do mundo comum e parte em sua jornada. Enfrenta inimigos, faz aliados. Escolhe Zé Bebelo como mentor (do qual, curiosamente, ele mesmo já fora mestre). Nesse percurso, Riobaldo vai se transformando. Faz um pacto com o diabo para vencer o inimigo supremo. Ele é Riobaldo, é Tatarana e, finalmente, se reveste de poder como o Urutú-Branco. Guerreia com o Hermógenes e passa pela grande provação : perde o seu bem, o guerreiro Diadorim, e descobre que seu amor não era, afinal, proibido. O prêmio mesmo é o caminho de volta, o casamento de consolação com Otacília e a amizade com o "compadre meu Quelemen", guia de Riobaldo pelas veredas espirituais ( e espíritas). Mas esse prêmio tem sabor amargo: Diadorim que não mais há, o pacto que o atormenta.

Essa é a história de um homem que se apodera da sua própria vida mas que, em determinado momento, se depara com o insondável.

Mire veja.
(ilustração: João Lin)

Um comentário:

Anônimo disse...

pois,micheliny,viver é muito peri-
goso.
mas,vamos enfrentar o boi brabo,
brabeza,espinheira,cerrado,sertão
puro.
que assim seja,se tem de ser assim.
um abraco.
romério rômulo