O Engolidor de Mundos
Pela rua, Cara-de-Criança, maninelo, mômaro, truão, parvoalho, trufal, apoucado. Grotesco quase, mas só a quem não o sabia. Belo, porém, na sua meninice, de sessenta, setent’anos, sendo isso o que de monta se pode haver e ter nessa escritura, enfim.
Limpinho, sempre. Cheirando bem, no mais das vezes. Cheiro de erva. Erva-doce, lavanda, colônia, sete-ervas, capim-santo. Cheiro de flor. Bogari, rosa, bonina, carinho-de-mãe
.
Tolo sim, com todos os seus adjetivos, mas sem peso ou dor. A ninguém. Nem à mãe ou ao pai, virtude de afetos, mesmo nas ignorâncias dos antigamentes, nem à sobrinha-neta, novo ramo de gostar. Sem peso ou dor, verdade por testemunho.
Curioso é que era engolidor de mundos e desde pequeno.Quando menino-menino, viu uma pedra redonda, alisada, arredondada. Seixo, âmbar, cristal, quem sabe? Cor de mel, devia também ter dele o sabor. Mirou longamente , demoroso. Espiou como quem de uma luneta ou microscópio visse algo revelador.
E viu. Viu um mundo. Lambeu. Engoliu.
No correr dos anos, muitos outros, esse número infinito de universos, bolas de gude, sementes, contas, miçangas. Lambeu, engoliu.
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