06 junho, 2007

Marly de Oliveira



Dia 4 de maio, segunda-feira, morreu a poeta Marly de Oliveira. Sua poesia, de vertente filosófica é única na literatura brasileira contemporânea. Conheci a poesia de Marly ano passado, por meio de Edson Cruz. Mais conhecida pela vida acadêmica e por ter sido casada com João Cabral de Melo Neto, Marly publicou, entre outros: Cerco da Primavera (1957), Explicação de Narciso (1960), A Suave Pantera(1962), A Vida Natural e O Sangue na Veia (1967), Contato e Invocação de Orpheu (1975), O Mar de Permeio(1998) e Uma vez, sempre (2000).

Uma coisa que me chamou a atenção foi a forma como os grandes veículos noticiaram seu falecimento. Salvo uma única exceção, O Globo, todos a chamaram de "ex-mulher" de João Cabral. É sabido que ela foi viúva e não "ex". Será que quando se morre a dissolução é tão completa que viramos "ex"? Será isso? Ex-filho, ex-avô, ex-mãe, ex-poeta, ex-tudo? Será essa a motivação do prefixo? Dá o que pensar...

No mais, um poema de Marly:

Quando um dia estiver morta

Quando um dia estiver morta

e sobre mim caírem os adjetivos mais ternos,

não vou mover um dedo

de dentro do meu silêncio:

vou desdenhar do eterno

o que sempre chegou tarde,

demais, quando já nem era preciso.


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palavra de pantera

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