tag:blogger.com,1999:blog-331963402024-03-07T23:51:17.975-03:00Ovelha PopMicheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.comBlogger255125tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-18104098151558547572018-11-14T11:42:00.001-02:002018-11-14T11:45:27.054-02:00<br />
<b> </b><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "arial" , sans-serif;">I</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Eu não fui ao enterro de
papai. Minha irmã mais nova telefonou, a voz baixa, atônita, comunicando a
morte dele, contando as circunstâncias em que ele fora encontrado, perguntando,
trêmula, depois do relato, </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Você vem para o enterro? </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Perguntei do que ela estava precisando
em termos práticos, mas ela me garantiu que o clube militar do qual ele fazia
parte cuidaria do velório e do funeral, coisas com as quais ela não saberia
como lidar num momento como aquele. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Mamãe nem entende nada do
que está acontecendo. Perguntou se era o pai dela que havia morrido. Ficou
chorando e repetindo “meu paizinho, pobre do meu paizinho”. Às vezes ela
entende que foi o marido que morreu, às vezes ela volta a chorar pelo próprio
pai. A cabeça dela, você sabe...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Eu gostaria de ter ido em seu
auxílio, às voltas com uma mãe que padecia de uma demência que se instalara
precocemente e com o cadáver inesperado do pai pendurado num caibro da cozinha.
Eu gostaria de prestar esse socorro em termos abstratos, é bom que se diga,
como impulso humano, mas não de fato. É que eu não queria ver papai no caixão,
me pareceu uma grande safadeza da parte dele morrer sem ter sido punido. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Ela, com a voz entrecortada
por soluços, como se lesse meus pensamentos, disse que não me culpava, nem culpava
nossa irmã mais velha, e que papai deveria mesmo responder pelos crimes que
havia cometido, mas que não sabia, não sabia mesmo se ele havia se matado, que
ela esperava que sim, que se ele não havia se matado, então significava que
fora morto, e era assustador pensar que alguém entrara em sua casa e enforcara
um homem velho.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Ele era forte, mas era um
velho!, e nesse momento ela quase gritou ao telefone. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Os canalhas também
envelhecem, quase respondi, repetindo o chavão que parecia se impor àquela
frase desesperada. Mas desisti. Em que um lugar-comum ajudaria naquela hora? Eu
sabia, ela sabia também, a velhice não exime ninguém, a velhice não amansa, não
recheia ninguém de doçura ou de bom caráter. Isso bastava. Por outro lado, os temores
da caçula de que o xerife tivesse sido assassinado, uma queima de arquivo, não
eram de todo infundados, cenas de crime podem ser manipuladas, laudos médicos e
cadavéricos podem torcer a verdade para o lado mais conveniente. Não sei se
para não perturbar ainda mais a garota, se para tranquilizá-la, ou se por
acreditar mesmo nisso, preferi acatar a tese do suicídio. Mas alguns esgotos
não podem nunca ser tampados.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Não consigo tocar em nada, tudo me dá
nojo, ela disse, recompondo o tom aparvalhado.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Tentei acalmá-la e prometi
que iria visitá-la logo, em duas ou três semanas, e que ficaria tempo
suficiente para dar alguma assistência. A última vez que a vira, ela deveria
ter entre sete e oito anos de idade. Depois que cresceu, seu rosto me chegava
por fotografias feitas pelo celular e nas redes sociais e em nada denunciava um
parentesco comigo ou com nossa irmã mais velha.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Quando ela desligou o
telefone, fui ao banheiro, lavei o rosto e depois sentei ao sofá, olhando na direção
da pequena varanda do apartamento, olhando para fora das quatro paredes, deixando
que me envolvesse a claridade da cidade que entrava sem cerimônia pela janela.
A claridade mediada por torres feias, algumas espelhadas, muralhas opressivas
com janelas e mais janelas escondendo que histórias? A cidade crescendo como um
furúnculo, uma tumoração quente e avermelhada e prestes a explodir seu pus. E,
no entanto, papai morto num lugar muito longe, no centro do coração do inferno,
e com ele, também morta, eu mesma ou uma parte de mim, por menos que eu
quisesse. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Embora uma avalanche de
imagens tenha tomado minha memória desde o instante em que a notícia de sua
morte me fora anunciada, das mais ternas às mais perturbadoras, eu não
conseguia imaginar o velho balançando no ar como uma marionete, tampouco
conceber o desenho do seu corpo imóvel em um caixão. A verdade é que fiquei
paralisada por muito tempo naquele sofá, naquela sala, diante da varanda que me
iluminava com uma luz de longe, sideral. Não era abatimento, mas uma espécie de
catatonia controlada, como quando eu terminara de ler <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A metamorfose. </i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Gregor Samsa!, eu disse para mim mesma
depois de um tempo, levanta-te e anda.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Minhas mãos formigavam
levemente quando telefonei para Susana, minha irmã mais velha, em Lyon. Ela
retornara para a França dois dias antes, depois que assentáramos entre nós duas
os acontecimentos das últimas semanas, o depoimento de papai na Comissão, os
detalhes das torturas que praticara quando estava na ativa, durante os anos da
ditadura, a frustração de não saber o que acontecera de fato com a nossa mãe, visto
que esse crime ele não confessou, embora concordássemos que era claro que ele a
havia assassinado, como nossa avó desconfiara a vida inteira.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Ao ouvir sua voz do outro
lado da linha, falei firme, inequívoca, </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">O Capitão Garrote se matou. Foi um
covarde até o final.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Duas semanas depois arrumei
as malas. Eu sabia que precisava encontrar a minha história.</span><br />
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"> __________</span><br />
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">| do romance <b>O amor, esse obstáculo</b>, Editora Patuá, 2018 | </span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxvz2B7XZ0Issi9kQyFtyp7ryjkphTDIeUmMJB_ZBTLp6KUZBttftb_0nhyphenhyphenzZmzfKspNZoE39ITPv3xEvhH5LWknn-wJMRO8GlRUmgJY56QaMQUjQmYek9cGt8DOSZVSmNyGdn/s1600/tumblr_p4q5x0nwG21qz6f9yo1_500.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" data-original-height="750" data-original-width="498" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxvz2B7XZ0Issi9kQyFtyp7ryjkphTDIeUmMJB_ZBTLp6KUZBttftb_0nhyphenhyphenzZmzfKspNZoE39ITPv3xEvhH5LWknn-wJMRO8GlRUmgJY56QaMQUjQmYek9cGt8DOSZVSmNyGdn/s400/tumblr_p4q5x0nwG21qz6f9yo1_500.jpg" width="265" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><a href="https://t.umblr.com/redirect?z=https%3A%2F%2Fwww.instagram.com%2Fp%2FBfok1wHnqaz%2F&t=ZGMxMDE5ZGE0OWZkZWVjNTZlNThhNzQ2NWZhNzJjZmQ1NzBhZWQ3ZSxvc2RRc0tVNQ%3D%3D&b=t%3AzQdlxorfL1AckhN-Xy43hw&p=http%3A%2F%2Fmaciekjasik.tumblr.com%2Fpost%2F171288014702%2Fnevver-there-was-a-girl-lukasz-wierzbowski&m=1" target="_blank">There was a girl, Lukasz Wierzbowski</a></td></tr>
</tbody></table>
<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Cambria Math";
panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:roman;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:-536870145 1107305727 0 0 415 0;}
@font-face
{font-family:Calibri;
panose-1:2 15 5 2 2 2 4 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:swiss;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:-536859905 -1073732485 9 0 511 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-unhide:no;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Calibri",sans-serif;
mso-fareast-font-family:Calibri;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-fareast-language:EN-US;}
.MsoChpDefault
{mso-style-type:export-only;
mso-default-props:yes;
font-size:10.0pt;
mso-ansi-font-size:10.0pt;
mso-bidi-font-size:10.0pt;
font-family:"Calibri",sans-serif;
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-fareast-font-family:Calibri;
mso-hansi-font-family:Calibri;}
@page WordSection1
{size:612.0pt 792.0pt;
margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm;
mso-header-margin:36.0pt;
mso-footer-margin:36.0pt;
mso-paper-source:0;}
div.WordSection1
{page:WordSection1;}
</style>
-->Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-21197546132884471532016-02-26T13:33:00.002-03:002016-02-26T15:12:45.281-03:00Malabares às mãos: ser escritora ou escritor no Brasil<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPJorFHdwcrRmadMNjb1mla80266kS6oldn5aAmbXlWO9e5hZiz2awhCpg-TRxiAGCx_mkqkhVhfynHwVXBCloRaVTRovQf2TSacxU8GNMqQv5P75hZUMDU9m0MLPDY-Oj9vko/s1600/00af29ac1ec61a0cbb1810e9467f7b26.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="278" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPJorFHdwcrRmadMNjb1mla80266kS6oldn5aAmbXlWO9e5hZiz2awhCpg-TRxiAGCx_mkqkhVhfynHwVXBCloRaVTRovQf2TSacxU8GNMqQv5P75hZUMDU9m0MLPDY-Oj9vko/s400/00af29ac1ec61a0cbb1810e9467f7b26.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">imagem: Serge Seva</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O poeta pernambucano Alberto da Cunha Melo (1942-2007), em algumas das crônicas do livro <i>Marco Zero</i> (Cepe, 2009), chama a atenção para certas condições a que a criação literária em países como o Brasil se submete e que acabam por se tornar fatores determinantes da dedicação do autor para com sua obra, obra aqui entendida, é claro, como o projeto de arte de uma vida, ou mesmo de uma nação (<i>Dom Quixote</i>, para a Espanha, e <i>A Divina Comédia,</i> para a Itália, que o digam).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Cunha Melo elenca as dificuldades materiais dos "escritores de formação proletária" como um dos principais impasses para aqueles autores, numa perspectiva em que ele também se insere: que entre as demandas de sobrevivência e a necessidade de investir na sua própria formação de escritor e ainda dedicar tempo à própria escrita se tornam malabaristas com vários pratos, bolas, malabares às mãos. O velho equilíbrio entre o feijão e o sonho, diz ele, que coloca nas condições de classe os principais desafios para o escritor naqueles últimos anos do século XX. Não há aqui determinismos, é importante ressaltar. Ou como diz Cunha Melo na crônica "O suor do poeta":</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Mas
tanto as condições de classe quanto as outras, favoráveis ou adversas
ao exercício de escrever , não são determinantes da boa ou da má
qualidade das obras, como se pode exemplificar com um Milton, pobre e
cego, escrevendo o seu "Paraíso perdido", e um Goethe, rico e saudável,
escrevendo seu "Fausto".</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A esse propósito, recentemente, dois fatos me chamaram a atenção. Terminando de ler o terceiro ou quarto livro do português Valter Hugo Mãe, em uma nota, o autor agradece a uma Câmara Municipal por uma casa onde ficou retirado por alguns dias a fim de terminar o romance. Peguei um outro livro de Hugo Mãe e outro agradecimento, dessa vez à entidade diversa, pela mesma espécie de benefício. O segundo fato, uma notícia publicada em jornal, conta de uma escritora carioca radicada na Califórnia, Martha Batalha, às voltas com a publicação do seu primeiro romance, desdenhado pelas grandes editoras nacionais mas que, após o eficiente trabalho de uma grande agência literária, está sendo vendido a várias editoras da Europa.<i> </i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Obviamente os dois exemplos citados acima se afastam paradoxalmente da nossa realidade. A notoriedade conquistada por Hugo Mãe certamente abre caminho para que, em Portugal, condições acessíveis de dedicação lhes sejam asseguradas (talvez não idealmente, mas de maneira eficaz). Por certo, uma conquista como essa não se faz sem algum talento e muito esforço pessoal. Entretanto, também não se faz sem um projeto político. Patrocínios como esse são ainda uma utopia no Brasil, em que editais, bolsas de residência e outros mecenatos para escritores são, não apenas raros, como os primeiros alvos de degola em tempos de crise econômica. No caso de Martha Batalha, para além de sua inserção prévia no mercado (foi editora antes de se lançar como autora) a possibilidade de um agenciamento literário com evidente poder de fogo, é realmente uma tangente a qual a grande maioria não dispõe.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sem anteparos que garantam uma imersão exclusiva naquele que é o seu trabalho, a escrita, e sem os recursos materiais e ou profissionais que assegurem alguma notoriedade no mercado (sempre da perspectiva do talento, é bom frisar), resta ao escritor sem plumas aquela vida de equilibrista: formar-se, enfrentar o mercado, divulgar (e muitas vezes vender) o próprio livro, preparar mesas e palestras, sem nem sempre estar seguro de que irá receber a remuneração devida por isto, ler os clássicos (e os contemporâneos), participar de feiras, mesas e festas, sem segurança de recebimento do pro-labore acertado, tourear com as editoras e, ainda, escrever o livro, a resenha, o prefácio, a orelha, a tese, o artigo, a matéria, a reportagem. Caso seja mulher, e caso seja mulher e com filhos, some-se a isso ainda ultrapassar os bloqueios de gênero impostos pela sociedade e mercado, e ainda dar conta da jornada tripla, aquilo que se entende como a "missão da mulher", para não falar de uma certa má vontade do <i>status quo</i> crítico e literário. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Superar a dispersão causada por todos esses elementos e ainda a maior ou menor dilapidação de tempo nas redes sociais (que a julgar pela queixa de muitos amigos escritores é algo a se levar em conta também) são os desafios diários do escritor na composição e dedicação à obra (esse ideal).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por outro lado, não se trata de congelar o cotidiano, nem de esperar condições ideais ou imaginárias para o exercício de uma vida pela escrita (ou pela literatura, se assim se preferir). Escreve-se bem, mesmo em condições não favoráveis como a que vive o escritor contemporâneo em países como o Brasil (países emergentes, em crise, sob o fascismo cotidiano etc), assim sabemos. Mas se se espera que o violinista ou a ginasta ou a bailarina sejam os melhores em suas áreas, se se persegue esse caminho porque lhes são dadas horas de treino, estudo e condições, por que não se cobrar e também construir condições práticas e políticas para isso no que diz respeito ao ofício de escritor? </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Anos atrás o movimento Literatura Urgente, capitaneado por Ademir Assunção e subescrito por outros tantos escritores, iniciava um diálogo com o Ministério da Cultura no qual uma vigorosa pauta de sugestões de políticas públicas para o fomento da literatura se delineava. Em algum momento, no entanto, o diálogo foi atravancado e nesses últimos anos a dissipação dos espaços de comunicação e embates nessa direção é evidente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há saída? Há solução para além da escolha diária da literatura, quer sejam os deuses ou as musas ou o relógios de ponto propícios ou não? Certamente. Mas isso passa por muitos caminhos, desde a construção de um mínimo estado de bem estar social até a criação de zonas de verdadeira interlocução entre os interessados (coisa para a qual, até agora, as redes sociais não parecem de fato contribuir). Ou seja, o caminho é longo e árduo, mas que não deveria ser em nada espantoso para quem, equilibrando-se à beira do abismo ainda se atenta aos malabares.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-1961490450257712772016-02-19T13:02:00.003-02:002016-02-19T13:43:03.179-02:00Por que escrever poesia?<div style="text-align: justify;">
Há algumas posições a se tomar diante do mundo em ruínas que o capitalismo oferece. Elenco, aqui, algumas delas. É possível aderir a esse projeto se colocando a serviço do mesmo incondicionalmente e sem acreditar na possibilidade ou na viabilidade de alguma alternativa. Naturalizar o capitalismo, mesmo tendo no horizonte os efeitos catastróficos em termos pessoais, coletivos e ambientais, parece ser a melhor militância nesses casos. Uma outra possibilidade de adesão é o conformismo, atitude passiva e romântica de quem percebe os estragos que a modernidade nos legou, mas que não se sente instigado a resistir minimamente que seja. Trata-se de interiorizar o capitalismo, se adequando aos seus efeitos. Uma terceira possibilidade é resistir. E aqui há duas formas de resistência: a revolução que parte em busca de alternativas que confrontem o capitalismo à força, e a revolução que pretende fissurar, no cotidiano, os valores devastadores dessa realidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O fato é que o mundo e a vida estão imersos nessa máquina de aniquilações. Somos triturados diariamente nas suas engrenagens. O drama dos refugiados, de quaisquer refugiados, o drama das minorias, sejam elas quais forem, pertence a todos nós. O homem que toma remédios para conseguir dormir somos nós. A criança indígena assassinada no colo da mãe somos nós. Os adolescentes perturbados que dizimam professores e colegas nas escolas também somos nós. Somo nós não por força de uma hashtag apenas, mas porque sentimos o efeito de cada uma dessas tragédias por minimamente conectados que estejamos. O mundo humano está profundamente adoecido e sua doença se espalha ferozmente pelo planeta, seu ecossistema, suas relações. Walter Benjamin alegorizou de maneira inestimável essa tragédia:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>"Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e a dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade (...) o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto um amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é chamada de progresso"</i><i> </i><b><span style="font-size: xx-small;">(1)</span></b><i>.</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Creio que o mundo é criado pela linguagem. Pela palavra. É basicamente uma crença judaico-cristã, eu sei. Mas, assim crendo, dou como certa a ideia de que é pela linguagem que o real se estabelece. Escrevo poesia porque é inaceitável este mundo legado pela máquina de aniquilações. Escrevo poesia porque resisto e a resistência é própria do movimento das células. Mas isso não é um idealismo, no sentido comum que se dá à palavra "ideal", de devaneio, de inalcançável utopia. É uma visão concreta de mundo, que talvez não pareça eficaz como a força revolucionária que pega em armas (mas que historicamente não pareceu capaz de se contrapor de forma medular ao capitalismo), mas que pretende construir aqui e agora as condições para um novo estado de coisas. É por isso que escrevo poesia. Porque esse mundo que se apresenta não é o bastante e ainda se conforma a uma pauta simultaneamente suicida e assassina. Porque acredito que seja possível o acesso a outra imaginação, a outra criação e possibilidade de vida. É por isso, portanto, que escrevo. E me parece bom que seja assim.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<i><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy02iLHhVjy9GA2Vf9r0-vynhcD1chfOULqXxNOgvVjs84atcG6h40DKYSuhQ7u2uKaVpwFwqNIC2QBtSP9bvVYkT3yVMc82mKYYsmacKf5IEByHLsb40vzxrjt7-eu-nPn8kw/s1600/nyq9hy0c4aacec19.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiy02iLHhVjy9GA2Vf9r0-vynhcD1chfOULqXxNOgvVjs84atcG6h40DKYSuhQ7u2uKaVpwFwqNIC2QBtSP9bvVYkT3yVMc82mKYYsmacKf5IEByHLsb40vzxrjt7-eu-nPn8kw/s400/nyq9hy0c4aacec19.jpg" width="355" /></a></i></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<i>__________________________________</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>(1)</b> Sobre o Conceito da História. In: <b>Magia e Técnica, Arte e Política</b>. Obras escolhidas. Volume 1. Trad. Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994.<i> </i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
imagem | <a href="https://phmuseum.com/pugacheva">Daria Pugacheva</a></div>
<br />Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-8265178227384170442013-07-13T06:32:00.001-03:002013-07-13T06:32:11.048-03:00Gopala<span class="uiButtonGroup fbStickyHeaderBreadcrumb uiButtonGroupOverlay" id="u_0_4j"><span class="uiButtonGroupItem selectorItem lastItem"></span></span><br />
<div class="uiSelector inlineBlock sectionMenu uiSelectorNormal uiSelectorDynamicLabel">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-MzrrL-XUnvIKwE4Q3487sv3mDNDJGEz1HHoBL9fKZzcvroae1wGbmWA7HPB6uelvpTTNUHlIyDZyysyElMoQGygsmCNBdmCAN4e7lFKKAWyZKnr1uP8pxBzzWxI9K5ka4unO/s1600/6b4e00fa026e90e49474a045e6e88626.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-MzrrL-XUnvIKwE4Q3487sv3mDNDJGEz1HHoBL9fKZzcvroae1wGbmWA7HPB6uelvpTTNUHlIyDZyysyElMoQGygsmCNBdmCAN4e7lFKKAWyZKnr1uP8pxBzzWxI9K5ka4unO/s400/6b4e00fa026e90e49474a045e6e88626.jpg" width="308" /></a></div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_51e11d40633802f54901923">
<br /> <br /> O céu sobre o mar <br /> cintila<br /> azul<br /> sobre<br /><span class="text_exposed_show"> azul: onda dança nuvem que passa.<br /> <br /> Na pena de um pavão<br /> uma gota<br /> de orvalho<br /> contém o universo inteiro.</span></div>
</div>
Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-55148013988436227222013-07-13T06:29:00.001-03:002013-07-13T06:29:13.586-03:00Sidarta<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9e1GuzCJpCixI2CNUlyOK1VmBeTSpQKEUKsKl8Xe-ptp39L8RxduLA1Sv4-091hY_apE6I7Q_k__4KmBsAbAkXU-0pNAAms7U-YrJHmu1BLvgtuGZ2sWIV0mr3sz7GiWHvfm4/s1600/9253388988_b8a29e31b6_o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9e1GuzCJpCixI2CNUlyOK1VmBeTSpQKEUKsKl8Xe-ptp39L8RxduLA1Sv4-091hY_apE6I7Q_k__4KmBsAbAkXU-0pNAAms7U-YrJHmu1BLvgtuGZ2sWIV0mr3sz7GiWHvfm4/s400/9253388988_b8a29e31b6_o.jpg" width="400" /></a></div>
<span class="userContent"><br /> <br /> Um cavalo<br /> branco<br /> pode ser<br /> o silêncio<br /><span class="text_exposed_show"> absoluto,<br /> se assim quer o deus<br /> que brinca<br /> entre os cascos.<br /> <br /> Toda estrela<br /> que brilha e pulsa<br /> nasce<br /> de dentro de uma árvore.</span></span><br />
<span class="userContent"><span class="text_exposed_show"><br /> </span></span><br />
<span style="font-size: x-small;"><br /><span class="userContent"><span class="text_exposed_show"><br /> [imagem: Tree Under the Stars, © <a href="http://markg.com.au/">Mark Gee</a> 2012]</span></span></span>Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-401553099917987022013-07-13T06:24:00.003-03:002013-07-13T06:36:04.176-03:00Jesus<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwGkCCEQPENdsxWX36mq6nW50a4Z0P895xDdhwxEIldQ5jD9lTBjEftgKQVgNZ3XhSFdWyzlstll_MhWDob_d47gOjjTyDGfPiz86Lkym7VX0x8uI0M_O93dlbroeTdBW3ICpX/s1600/mccury-fishermen-srilinka-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwGkCCEQPENdsxWX36mq6nW50a4Z0P895xDdhwxEIldQ5jD9lTBjEftgKQVgNZ3XhSFdWyzlstll_MhWDob_d47gOjjTyDGfPiz86Lkym7VX0x8uI0M_O93dlbroeTdBW3ICpX/s400/mccury-fishermen-srilinka-1.jpg" width="400" /></a></div>
<span class="userContent"><br /> <br /> Entre o peixe<br /> e a pedra<br /> o salto<br /> prateado:<br /><span class="text_exposed_show"> voo<br /> irregular<br /> das barbatanas.<br /> <br /> No mínimo<br /> cristal de sal<br /> habita<br /> um sol possível.</span></span><br />
<span class="userContent"><span class="text_exposed_show"><br /> </span></span><br />
<span style="font-size: x-small;"><span class="userContent"><span class="text_exposed_show">[imagem: <a href="http://stevemccurry.com/">Steve McCurry</a>]<br /> </span></span></span>Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-15015386822289579202013-05-11T08:38:00.001-03:002013-05-11T08:41:01.493-03:00Séries (II)[série escrita originalmente para o Facebook]<br />
<br />
<b>Euanimal</b><br />
[segunda parte]<br />
<b> </b><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPZG1wsXkfAWzlUod3sGycQycfUA_irULcA5jHcjRFGVOj6ner7nkbuhJVzIRyeOOY6pwwLkeaBHlQP8aXVPwz99K6Cr1WamugXBJodqCyylOVtesWcps_5Wm75dGJh9iAQObn/s1600/935148_448978488516428_217397503_n-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="270" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPZG1wsXkfAWzlUod3sGycQycfUA_irULcA5jHcjRFGVOj6ner7nkbuhJVzIRyeOOY6pwwLkeaBHlQP8aXVPwz99K6Cr1WamugXBJodqCyylOVtesWcps_5Wm75dGJh9iAQObn/s320/935148_448978488516428_217397503_n-1.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption">Transito
nessas ruas desde muito. As velhas debulham milho, lágrimas, pérolas
falsas. Eu não as ajudo e elas não me olham, ou não me percebem. Eu
prossigo. Sou estrangeira, repito para mim mesma.<br /> <br /> [Fotografia de autor não identificado]</span></span><br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihg1mMJqmiPuKzdCL5z_AYvXc7W1jgemr9uxOXX1O5NAcfRHgguVLVJ2NAiyZWoccbNhqw0lOnB14lXWUbg4vu-W4j-jfgpt1IdZMu6jMHPYjio-o1Lgb4dJVPjaOh5gzf2tza/s1600/424454_448981045182839_380342193_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihg1mMJqmiPuKzdCL5z_AYvXc7W1jgemr9uxOXX1O5NAcfRHgguVLVJ2NAiyZWoccbNhqw0lOnB14lXWUbg4vu-W4j-jfgpt1IdZMu6jMHPYjio-o1Lgb4dJVPjaOh5gzf2tza/s320/424454_448981045182839_380342193_n.jpg" width="215" /></a></div>
<br />
<br />
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><br />Me
duplico. Estou no trem que passa e na linha de aço estendida entre dois
prédios. Me duplico novamente. Meus sapatos maculam a poça d'água
enquanto bebo um whisky duplo com o amigo morto. Desaprendo-me
continuamente.<br /> <br /> [Fotografia de Dianne Arbus]</span></span><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGlw749goKbTeSxMAw-UJCoLvYmVKsz3Wr_oqgfXNtA-QmHi9Bef1WsoVR2Uh1TDt3d27FLOkvFtSr9atx6gj89cG0eK4ZsPyy7_OqnoC2pWETCDKQKvbac6Wjsici0zLGRTLA/s1600/935769_448985161849094_256184395_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGlw749goKbTeSxMAw-UJCoLvYmVKsz3Wr_oqgfXNtA-QmHi9Bef1WsoVR2Uh1TDt3d27FLOkvFtSr9atx6gj89cG0eK4ZsPyy7_OqnoC2pWETCDKQKvbac6Wjsici0zLGRTLA/s320/935769_448985161849094_256184395_n.jpg" width="320" /></a></div>
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"> </span></span><span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><br />Faço
listas: balas coloridas, barbante azul, absorventes higiênicos. Os
carros rugem em algum lugar. Escuto-os, distantes. Têm longos dentes,
garras, escamas prateadas. Não sou uma mulher. Sou uma asa.<br /> <br /> [ Fotografia de autor não identificado]</span></span><br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimw30dr-0p6wFKvqU6nSciJfR_6AX21n8INjwONWzzoXVUcF6kwG3DlttNXbxqh3JOziEvmLwNYJNrk3YW3Fvxprjn1BkaCAI9HcB-5GPOzUX8W5tuDEotf7TNcF_r_RDEH5Ib/s1600/12526_448990358515241_695103177_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimw30dr-0p6wFKvqU6nSciJfR_6AX21n8INjwONWzzoXVUcF6kwG3DlttNXbxqh3JOziEvmLwNYJNrk3YW3Fvxprjn1BkaCAI9HcB-5GPOzUX8W5tuDEotf7TNcF_r_RDEH5Ib/s320/12526_448990358515241_695103177_n.jpg" width="203" /></a></div>
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption">Tenho
muitos nomes. Quando um se desgasta, utilizo outro. Sob um desses nomes
amei um homem, sob esse mesmo nome amei um pássaro. O homem e o pássaro
foram belos e fugazes. E o mar devora a carne das baleias com uma fome
que é minha.<br /> <br /> [Imagem:The Chocolat Donut, Fred Einaud]</span></span><br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBmUDF26ozIWD8-kJfrzLajdUmANoxaNnuER9bwW0DxXktks3SlsjOU6a6jGXQaIHUnr0738QO8GATbcx3zE95T760RccaC0qKqBrcxHBd8pVIhZQHsIThwdjc6MK14cWqRgR_/s1600/400599_448997048514572_1940773028_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBmUDF26ozIWD8-kJfrzLajdUmANoxaNnuER9bwW0DxXktks3SlsjOU6a6jGXQaIHUnr0738QO8GATbcx3zE95T760RccaC0qKqBrcxHBd8pVIhZQHsIThwdjc6MK14cWqRgR_/s320/400599_448997048514572_1940773028_n.jpg" width="213" /></a></div>
<br />
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><br />Um
leve desequilíbrio. As ruas são de pedras irregulares. Fecho um olho e
sou a Lua. Abro os olhos e sou o Sol. Meu vestido esvoaça e acho muito
justo que o vento me saúde. Tenho ânsias de rever a velha sereia de
cabelos azuis, mas esta cidade me contamina.<br /> <br /> [Fotografia de autor não identificado]</span></span> </span></span><br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibcVQBv0tr6F-HX5Qd5wdUIt-grEFeP55ZIu8PCc6htVq3_BfF73MIwB1H0Kq_XgUYAo-WiFjXu7JAsxZzDvToV3rT4qC-BfMZl11EINu2bx2M6gkpFHCdjcYR8-MCvfO3NqBs/s1600/381413_449186021829008_228195345_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibcVQBv0tr6F-HX5Qd5wdUIt-grEFeP55ZIu8PCc6htVq3_BfF73MIwB1H0Kq_XgUYAo-WiFjXu7JAsxZzDvToV3rT4qC-BfMZl11EINu2bx2M6gkpFHCdjcYR8-MCvfO3NqBs/s320/381413_449186021829008_228195345_n.jpg" width="230" /></a></div>
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"></span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption">Dói-me
o pé esquerdo. É uma dor indefinida. Da última vez em que ocorreu,
despi-me dessa pele e me cobri com os pelos de um animal pequeno e
sagaz. Ontem um avião riscou o céu e lembrei do vizinho que morreu na
guerra. Dele ficou um ruído que me acompanha, um beijo, talvez. E
aquela janela me convoca à invisibilidade.</span></span></span></span><span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"> </span></span></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption">[Fotografia de autor não conhecido]</span></span> </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption">
</span></span></div>
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption">
</span></span>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"></span></span></span></span></div>
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption">
</span></span><span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"></span></span><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxopSmqV4wzzZ7EJmfl2gRN4GWhNT7_IK944M_uSdXwqfV-UOAf9MWHScoeZnh0EXQZNz_lpMYlOgR4LzCcuPFs_3TWOFiIk3F8bINdJ2jxqOlLsIq5t5K7vKkJdvi81DA5_2K/s1600/946729_450591035021840_180201170_n-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="273" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxopSmqV4wzzZ7EJmfl2gRN4GWhNT7_IK944M_uSdXwqfV-UOAf9MWHScoeZnh0EXQZNz_lpMYlOgR4LzCcuPFs_3TWOFiIk3F8bINdJ2jxqOlLsIq5t5K7vKkJdvi81DA5_2K/s320/946729_450591035021840_180201170_n-1.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"></span></span><span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"></span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption">Eu
imagino. E transito por aquilo que crio. E não passo disso, de uma
criação de mim mesma e da passagem que empreendo. Assim como a chuva, o
caderno vermelho, a voz que, atravessando o espelho, me quebra em mil
pedaços. Talvez por isso eu não tenha nenhum parentesco comigo. Nenhum
laço. Talvez por isso eu consiga andar por sobre o muro de cacos sem que
nenhum risque minha pele. Eu imagino. E transito pelo que crio.</span></span><br /><span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"> </span></span><span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"> [ Fotografia sem autor identificado]</span></span> </div>
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"></span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><br /></span></span></div>
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption">
</span></span>Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-79257242388062266132013-05-11T08:23:00.001-03:002013-05-11T08:23:16.017-03:00Séries (II)<b> </b>[série escrita originalmente para o Facebook]<br />
<br />
<b>Euanimal </b><br />
[primeira parte]<b><br /></b><br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiF6VdCI5ww0_awgG6GXNaAgASoS2MTs0xx3pJBBLx4WrnMDwYAAnINeLiMDd2Edz7rNu577urvM3Hmli_cFsFnXN569PU2L1Aa9oeOKNJg6ZopJbp_pieDxy2kcFxT31F795Kw/s1600/420758_448533565227587_657788313_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiF6VdCI5ww0_awgG6GXNaAgASoS2MTs0xx3pJBBLx4WrnMDwYAAnINeLiMDd2Edz7rNu577urvM3Hmli_cFsFnXN569PU2L1Aa9oeOKNJg6ZopJbp_pieDxy2kcFxT31F795Kw/s320/420758_448533565227587_657788313_n.jpg" width="256" /></a></div>
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><br />Estou a um passo de mim mesma.<br /> <br /> [Fotografia: Ben Hopper, Naked girl with mask]</span></span><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9ijzMR2WnhO_LXBwO9E_9pyngguRMVs707w8buUXiPkLKL9VzJ_02qVrTbNfeMbCEEdHCIJtEC1HtYC1ZRZLlTx1rVFfPIOwr-FhgEWDoFNgH0GEqUd23Y-5gQo3Z2bMgTwCs/s1600/543704_448535918560685_1607665881_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9ijzMR2WnhO_LXBwO9E_9pyngguRMVs707w8buUXiPkLKL9VzJ_02qVrTbNfeMbCEEdHCIJtEC1HtYC1ZRZLlTx1rVFfPIOwr-FhgEWDoFNgH0GEqUd23Y-5gQo3Z2bMgTwCs/s320/543704_448535918560685_1607665881_n.jpg" width="210" /></a></div>
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><br />Me desencontrei em dez espelhos. E a Lua é um olho sem pupila.<br /> <br /> [Fotografia sem crédito conhecido]</span></span><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjvDDYVwNuxTjcW7bjzCKk02HhVLiqgeapFttjA5nK4fnoMzI1Ea8nOkv4GavhIVwOgJv7g0m691cODYfqcd6YVUZIcBc7fM-zTUKwCjs_doIwfgUjecrrGd65S-59Nt2B_Txy/s1600/488048_448564571891153_1970656845_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjvDDYVwNuxTjcW7bjzCKk02HhVLiqgeapFttjA5nK4fnoMzI1Ea8nOkv4GavhIVwOgJv7g0m691cODYfqcd6YVUZIcBc7fM-zTUKwCjs_doIwfgUjecrrGd65S-59Nt2B_Txy/s320/488048_448564571891153_1970656845_n.jpg" width="216" /></a></div>
<br />
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"> </span></span><span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><br />Caio repetidamente em mim. Infinitamente me reergo.<br /> <br /> [ Fotografia: Waiting for the Coffee by spiddy kitty, via Flickr]</span></span><br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM2UtEU89jlo_FD8ciUVH2pmF6b_5hzK6ZyHtzYI3LAlbiOUg9fjMs20L4dAcXxxvt7E_CLNhRoe9dptBZCFMwP4dGg_24IF2KgziIbgYq42KbdiC7x39TulM0ccHTUIPg1i9n/s1600/44871_448584615222482_1006264971_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhM2UtEU89jlo_FD8ciUVH2pmF6b_5hzK6ZyHtzYI3LAlbiOUg9fjMs20L4dAcXxxvt7E_CLNhRoe9dptBZCFMwP4dGg_24IF2KgziIbgYq42KbdiC7x39TulM0ccHTUIPg1i9n/s320/44871_448584615222482_1006264971_n.jpg" width="212" /></a></div>
<br />
<br />
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption">A linha na qual o outro se equilibra: eis o que sou.<br /> <br /> [Frame do filme <i>Donnie Darko</i>, 2001]</span></span><br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHTNg6OK1S5HKITSCTSK2iz9Q7KIIyunR2qPhsOJooTLxza1HUU0YWr2z23k2gdVkvtYBimVV7EMBN9Rir3coIe2QZ5LZpC2W4MG2vuyhdd8ZQbjIW3VSLv2W745H8j342XULu/s1600/562498_448649368549340_1753576290_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHTNg6OK1S5HKITSCTSK2iz9Q7KIIyunR2qPhsOJooTLxza1HUU0YWr2z23k2gdVkvtYBimVV7EMBN9Rir3coIe2QZ5LZpC2W4MG2vuyhdd8ZQbjIW3VSLv2W745H8j342XULu/s320/562498_448649368549340_1753576290_n.jpg" width="236" /></a></div>
<br />
<br />
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"> </span></span><span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><br />Olhos de raposa, eu escutei. Muitas vozes se confundem dentro de mim. Um dia todas serão eu mesma.<br /> <br /> [Fotografia sem autor identificado]</span></span><br />
<br />
<br />Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-48485111161578992562013-05-11T08:04:00.001-03:002013-05-11T08:11:22.646-03:00Séries (I) [Exercícios escritos originalmente para o Facebook]<br />
<br />
<b>Coração</b><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEietF0mFEPNXuf4B1STgHKPaYWIMYuxUnRKNE8_YsvUDmsJrAGit83gQtDZfhCObbhTcC9Qltu_HBrXNyBgST9lGfawcpyBwdWPRxsVaFP8YU93NOj789FL9KTtDHDlVfO_Mjn2/s1600/226932_425996547481289_1594710670_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEietF0mFEPNXuf4B1STgHKPaYWIMYuxUnRKNE8_YsvUDmsJrAGit83gQtDZfhCObbhTcC9Qltu_HBrXNyBgST9lGfawcpyBwdWPRxsVaFP8YU93NOj789FL9KTtDHDlVfO_Mjn2/s320/226932_425996547481289_1594710670_n.jpg" width="226" /></a></div>
<br />
<br />
<b>Coração </b><br />
<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_518e24032a9283953800571">
<br />
<i>[por uma definição mais precisa]</i><br />
<br />
E afinal de contas é só um músculo, <br />
<span class="text_exposed_show"> carne como carne, <br /> muitas vezes de terceira<br /> <br /> (mas dizem quem nem para uma sopa serve).</span><br />
<br />
<br />
<br /></div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_518e24032a9283953800571">
</div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_518e24032a9283953800571">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQIlkukxcX_0M14pWX0J0oZr5xlYPfpkj0AL1Mdm1pJ2Amjc4rILMPZbiIQG8onyUi7kXsCWOhK9-5uvHYJ3sEWFtLK3gIFJa4TsHRLue4dGFiFzTyf0oR8nAK-klo5Q-6ib-p/s1600/419184_425998357481108_459003153_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQIlkukxcX_0M14pWX0J0oZr5xlYPfpkj0AL1Mdm1pJ2Amjc4rILMPZbiIQG8onyUi7kXsCWOhK9-5uvHYJ3sEWFtLK3gIFJa4TsHRLue4dGFiFzTyf0oR8nAK-klo5Q-6ib-p/s320/419184_425998357481108_459003153_n.jpg" width="213" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
<span class="hasCaption"><span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><b>Coração </b><br /> <i>[por uma imprecisão realmente séria]</i><br /> <br /> Quando um coração se quebra<br /> o que dele<br /><span class="text_exposed_show"> não se regenera?<br /> <br /> (a cicatriz, esse poço sem fundo,<br /> é <br /> como se quer<br /> um túmulo?)<br /> </span></span></span></span><br />
<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_518e24032a9283953800571">
</div>
<span class="hasCaption">
</span>
<br />
<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_518e24032a9283953800571">
<span class="hasCaption"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span class="hasCaption"><span class="text_exposed_show"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLEjjdGShopAx-Ea0-aO8TOdL6Oss04QeOLUzFRUky8DDHy3VqX8OtQF3nwHFiUXQpkGB5NajB5KW49TQmr5ePNsVPO7LxaqxcuF3ISsSbpZARAz9gzJlVMimIEnzf-NKHZ50Y/s1600/75987_426001200814157_1811509224_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLEjjdGShopAx-Ea0-aO8TOdL6Oss04QeOLUzFRUky8DDHy3VqX8OtQF3nwHFiUXQpkGB5NajB5KW49TQmr5ePNsVPO7LxaqxcuF3ISsSbpZARAz9gzJlVMimIEnzf-NKHZ50Y/s320/75987_426001200814157_1811509224_n.jpg" width="320" /></a></span></span></div>
<span class="hasCaption"><span class="text_exposed_show">
</span></span></div>
<span class="hasCaption">
</span>
<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_518e24032a9283953800571">
<span class="hasCaption"><br /></span>
<span class="hasCaption"><b><span class="text_exposed_show"> </span></b><span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><b>Coração</b> <br /> <i>[por uma indefinição não absoluta]</i><br /> <br /> Quando um coração floresce<br /> suas raízes intumescem:<br /><span class="text_exposed_show"> paredes inchadas<br /> válvulas crescidas<br /> <br /> (explode<br /> no que se perde).</span></span></span></span></div>
<span class="hasCaption">
<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_518e24032a9283953800571">
</div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_518e24032a9283953800571">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><span class="text_exposed_show"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9yot9RJ4uYTrYBzy7NtWBSFPWcmo5EYnIrHKzlAGTo008y2Tk6Dm-FtX0nTjh3J_puquDnOtXPg7zspBwYj4ThhgLGYoq-aijte8qeM93daK66-j7tSxJq4LEmK-dQVNMjt7R/s1600/544567_426003260813951_2049195840_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9yot9RJ4uYTrYBzy7NtWBSFPWcmo5EYnIrHKzlAGTo008y2Tk6Dm-FtX0nTjh3J_puquDnOtXPg7zspBwYj4ThhgLGYoq-aijte8qeM93daK66-j7tSxJq4LEmK-dQVNMjt7R/s320/544567_426003260813951_2049195840_n.jpg" width="237" /></a></span></span></span></div>
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><span class="text_exposed_show">
</span></span></span></div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_518e24032a9283953800571">
<br />
<br />
<b><span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><span class="text_exposed_show"> </span></span></span></b><span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><b>Coração </b><br /> <i>[por uma condição indefinível]<br /> </i><br /> O que da tua ausência<br /> me define<br /><span class="text_exposed_show"> ou me necrosa?<br /> <br /> (Teu coração<br /> é minha acrópole<br /> ou minha cova?)</span></span></span></div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_518e24032a9283953800571">
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><span class="text_exposed_show"><br /> </span></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBgR4EhJjja19VnkpIFEZh6OOtgdjoebi4j8k2w0j7EoaWEmGeUET6HceuwaKkH217Ka5ZeH7y3PImQMmAqE7scTVmC5DqxdTXs_KfbubavEvXJ2rBVwmm1ew1LP2LkeIkYj3r/s1600/549343_426014650812812_2026036110_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBgR4EhJjja19VnkpIFEZh6OOtgdjoebi4j8k2w0j7EoaWEmGeUET6HceuwaKkH217Ka5ZeH7y3PImQMmAqE7scTVmC5DqxdTXs_KfbubavEvXJ2rBVwmm1ew1LP2LkeIkYj3r/s320/549343_426014650812812_2026036110_n.jpg" width="216" /></a></div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_518e24032a9283953800571">
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><span class="text_exposed_show"><br /> </span></span></span></div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_518e24032a9283953800571">
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><span class="text_exposed_show"><br /> </span></span></span></div>
<div class="text_exposed_root text_exposed" id="id_518e24032a9283953800571">
<b><br /></b>
<span class="fbPhotosPhotoCaption" data-ft="{"type":45}" id="fbPhotoSnowliftCaption" tabindex="0"><span class="hasCaption"><b>Coração </b><br /> <i>[por uma imprecisão definidora]</i><br /> <br /> O coração é pois uma mentira<br /> feita de veias<br /><span class="text_exposed_show"> sangue<br /> válvulas <br /> e algumas feras<br /> incendidas.<br /> <br /> (máquina de moer<br /> moela<br /> estômago<br /> o coração <br /> essa engrenagem<br /> é mais ácido<br /> do que sonho?)<br /> <br /> </span></span></span></div>
</span>Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-76821564874990451462013-02-17T12:53:00.001-03:002013-02-17T19:41:58.800-03:00Vou remexer nos cadernos...... e encontro poemas horrivelmente mutilados, poemas abortados, poemas que não conseguiram alcançar a luz, a forma final. Passo as páginas devagar, envergonhada de mim mesma, da minha incapacidade para com aqueles amontoados de palavras. São despojos antigos. Uns de vinte anos atrás. Outros mais recentes. Todos mortos. Meu primeiro pensamento é o de me livrar daquilo. Mas nunca desisto de um poema, eis minha fraqueza, minha fortaleza. Depois penso que devo avisar meus filhos para nunca pensar em publicar esses rascunhos caso um dia venha a faltar-lhes. É uma boa precaução. E, por último, revejo um poema, pego lápis, me ponho a reescrevê-lo. É um velho hábito. Rabisco. Reescrevo. Comparo. Risco. Mordo os lábios. Tento. Mais uma vez, tudo outra vez. E vou recuperando letra por letra o jeito de dançar que havia perdido, recupero a música, recupero aquele que parecia morto e daquele calhamaço, enfim, surge um poema. A palavra nova, restaurada.<br />
<br />
Por isso não jogo nada fora. Porque não é a palavra que fracassa. No mais das vezes sou eu que em dado momento não soube descobrir seu brilho.Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-4574272374283482892013-02-01T13:04:00.003-02:002013-02-01T13:04:35.008-02:00Diante do altar dos sacrifícios<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOoIPtXTPQueGv1TfICOSaTLCeZF9r5wV2dRdsYD1JrkN3b1EzPtU9z9GCQL3-lmwit4xA9Nu8p8kdQLv8S-4yMZkXcc7SHvXKNuAt9GIlkXksgSE__4GpkUKyhyD2nxHocGqr/s1600/images-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOoIPtXTPQueGv1TfICOSaTLCeZF9r5wV2dRdsYD1JrkN3b1EzPtU9z9GCQL3-lmwit4xA9Nu8p8kdQLv8S-4yMZkXcc7SHvXKNuAt9GIlkXksgSE__4GpkUKyhyD2nxHocGqr/s400/images-1.jpg" width="300" /></a></div>
<span class="userContent"><br /> <br /> Em memória das mulheres mortas<br /> no campo de algodão<br /> cantemos a semente inviolada.<br /> Em memória de Verônica adormecida<br /><span class="text_exposed_show"> em sua infância eterna<br /> cantemos a casa indestrutível.<br /> Em memória de mim<br /> e de minha irmã<br /> e de minha prima <br /> e de minha amiga<br /> que tombamos<br /> entre o ranger dos ossos<br /> e o assobio dos tiros<br /> cantemos ainda.<br /> Cantemos a memória<br /> e a nossa antiga avó<br /> pega a laço.<br /> Cantemos a memória<br /> e as unhas extirpadas<br /> no quarto de despejo<br /> da velha ditadura.<br /> Cantemos a memória<br /> essa cadela<br /> que<br /> [22 balas<br /> 11 perfurações à faca<br /> àcido no rosto<br /> carne infibulada]<br /> não morre<br /> não morre nunca.</span></span>Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-40539687395524115662012-07-19T06:36:00.000-03:002012-07-19T06:36:19.421-03:00O real fragmentado<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:Arial;
panose-1:2 11 6 4 2 2 2 2 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:3 0 0 0 1 0;}
@font-face
{font-family:"MS 明朝";
panose-1:0 0 0 0 0 0 0 0 0 0;
mso-font-charset:128;
mso-generic-font-family:roman;
mso-font-format:other;
mso-font-pitch:fixed;
mso-font-signature:1 134676480 16 0 131072 0;}
@font-face
{font-family:"MS 明朝";
panose-1:0 0 0 0 0 0 0 0 0 0;
mso-font-charset:128;
mso-generic-font-family:roman;
mso-font-format:other;
mso-font-pitch:fixed;
mso-font-signature:1 134676480 16 0 131072 0;}
@font-face
{font-family:Cambria;
panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:3 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-unhide:no;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:Cambria;
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"MS 明朝";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
span.textexposedshow
{mso-style-name:text_exposed_show;
mso-style-unhide:no;}
.MsoChpDefault
{mso-style-type:export-only;
mso-default-props:yes;
font-family:Cambria;
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"MS 明朝";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
@page WordSection1
{size:595.0pt 842.0pt;
margin:72.0pt 90.0pt 72.0pt 90.0pt;
mso-header-margin:35.4pt;
mso-footer-margin:35.4pt;
mso-paper-source:0;}
div.WordSection1
{page:WordSection1;}
-->
</style>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjV0aD9nfeVH77PQ_SiZLnWYB8NlFLMNivgrVnrmZNmOAvNVcYFrg_baol9TVARhxwWktGUfP7pt6mNUDBf6julYZ3ljn47yD7ylV4D2ehUu-ZmBh1lsiuKvWvhTiX-uzAvj3sW/s1600/IMG_0546%5B1%5D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjV0aD9nfeVH77PQ_SiZLnWYB8NlFLMNivgrVnrmZNmOAvNVcYFrg_baol9TVARhxwWktGUfP7pt6mNUDBf6julYZ3ljn47yD7ylV4D2ehUu-ZmBh1lsiuKvWvhTiX-uzAvj3sW/s320/IMG_0546%5B1%5D.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">[imagem: <a href="http://amesadeluz.blogspot.com.br/2012/07/sn_16.html">Ana Vicente</a>]</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">[ou ensaios despedaçados]</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">I</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">A pergunta que me faço sempre acerca do
real: o que é o real ? Para a maioria, desconfio, há um mundo, o mundo das
coisas, do cotidiano, o mundo rotineiro que pode ser ora mesquinho, ora
portador de alegria. Eu tenho outra relação com isso.<span class="textexposedshow"> Não porque eu seja melhor, pois não é disso que se
trata. É assim porque sou assim. Desse modo, o real para mim é feito de muitas
camadas e eu as vivo ora simultaneamente, ora fatiadamente. Não entenderei
nunca porque as pessoas creem que são mais reais do que Capitu, do que
Riobaldo, do que Baltasar Serapião. Na verdade, a grande maioria das pessoas
são menos reais que um grande personagem da literatura, tem menos interesse,
menos profundidade. E isso não é algo de se lamentar. É porque é. Do mesmo modo,
uma obra de arte é uma existência para além da sua forma, um grande filme ou
uma grande peça de teatro é um modo que essas existências encontram de se
presentificar para nós. Não, não se trata de uma metafísica. Se trata de uma
multiplicidade. E é nela em que eu vivo. Hoje, todos os que leem a saga de
Gregor Samsa estão apenas dando corpo para o que ele é na verdade e ele é mais
do que aquilo que foi capturado no livro. Gregor Samsa sou eu. Então, não
pensem nunca que essa vida é menor, ela dói, e sangra tanto quanto a sua. Só
que de outro modo.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span class="textexposedshow"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">II</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 2.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 1.2pt; margin-top: 2.0pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span class="textexposedshow"><span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Luís
Calixto não veria o ano 2000. Morreu sem que visse o alvorecer do novo século,
mas antes disso me ensinou importantes lições sobre cultura, poesia, sobre o
real mestiço de que se compõe esse Brasil latino-americano. Mestre do samba de
coco da cidade de Arcoverde, em Pernambuco, Luís Calixto era um artista em
ebulição lidando com a arte em sua multiplicidade de linguagens. A arte era o
samba, era o improviso, era a incursão do alto no baixo, e o seu contrário, era
o instrumento e o boneco que fazia com o material que estivesse à mão, o cano
de pvc ou a quenga de coco. A arte era o diálogo com a alteridade. O trabalho
de “continuança”, como dizia. Com ele tentei aprender a dançar e a tocar
pífano. Com ele aprendi que o real tem tintas diferentes. Ele tomou pelas mãos
a mim e a uma geração e ensinou algo sobre história, cultura e memória ali
mesmo, na nossa cidadezinha perdida nos confins do sertão. Foi meu mestre,
mestre do meu compadre Lira e dos demais componentes do extinto Cordel do Fogo
Encantado, sem falar dos tantos que foram influeciados por seu trabalho
agregador: as crianças dos assentamentos sem-terra, as professoras e alunos das
escolas públicas, o povo, essa categoria indistinta e onipresente da qual
fazemos parte você e eu. </span></span><span style="font-family: Arial;">Mestre e
aprendiz, Luís Calixto não teve vergonha de ensinar e tampouco de morrer
aprendendo. Em seus últimos tempos de vida, se comportou serenamente perante a
morte que se aproximava e da qual tinha plena consciência. Deixou o samba de
coco numa segunda-feira quente de novembro de 1999, como que repetindo um dos
versos que mais cantava: <i>“Vou mimbora dessa terra segunda-feira que vem,
quem não me conhece chora, quanto mais que me quer bem.’’</i><span style="mso-bidi-font-style: italic;"> Seu enterro, um grande circo místico,
procissão medieval sertaneja, foi acompanhado por brincantes, pernas-de-pau, tamancos
de coco, palhaços sem maquiagem, numa cena digna de Fellini ou de Macondo. Na
sua vida e na sua morte Lula Calixto me ensinou e me ensina que o real é outra
coisa.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 2.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 1.2pt; margin-top: 2.0pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 2.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 1.2pt; margin-top: 2.0pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial; mso-bidi-font-style: italic;">III</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 2.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 3.9pt; margin-top: 2.0pt; tab-stops: 480.0pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: Arial;">Quando a
luz está acesa, perdemos o escuro. Transitar entre essas duas categorias talvez
seja conseguir viver no real exato. Mas quem o consegue? Trabalho perseguindo
esse real que habita o lado A e o lado B e creio que esse é todo o trabalho da arte,
ou seja, conseguir dizer que uma coisa é uma totalidade, que um objeto é a soma
de tudo o que se sabe e se diz sobre ele e de tudo o que não foi dito e não se
sabe. Que a soma entre o vazio e o infinito é, ao mesmo tempo, imponderável e
concreta. E mais uma vez recorro a uma imagem que para mim traduz essa tensão: “Hoje
vemos em espelho, mas chegará o dia em que veremos face a face. Hoje conheço em
parte, mas então conhecerei como sou conhecido”. Há quem me diga que esse
paradigma do real e das coisas dentro do real foi superado pela urgência do
virtual, pela simultaneidade exigente do virtual. Sem querer ser simplista
repito que com a luz acesa perdemos a possibilidade da escuridão, os acessos
que a escuridão oferece, outra verdade. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 2.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 3.9pt; margin-top: 2.0pt; tab-stops: 480.0pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 2.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 3.9pt; margin-top: 2.0pt; tab-stops: 480.0pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Arial;">IV</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; margin-bottom: 2.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 3.9pt; margin-top: 2.0pt; tab-stops: 480.0pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: Arial;">Tenho
certamente cerca de cinco mil fotografias armazenadas em discos, Hds e outros
suportes para além do papel. É um número aproximado, obviamente não me dei e
nem me darei ao trabalho de contar. Até uns dez anos atrás, pelo menos, esse
número não ultrapassava três dígitos. Somos, é certo, seres da imagem e para a
imagem. A imagem é o nosso verbo e para traduzir seu impacto inventamos a
palavra. Barthes em seu <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Câmara Clara </i>relaciona
a fotografia à morte. Diz ele: “os outros – o Outro –desapropriam-me de mim
mesmo, fazendo de mim com ferocidade um objeto, mantêm-me à mercê, à
disposição, arrumado em um fichário, preparado para todas as trucagens sutis”.
Barthes não viveria para conhecer os truques por vezes torpes do photoshop e o
reinado lascivo das máquinas digitais, reprodutoras em larga escala de tudo o
que pode ser visto sob todos os ângulos, sob todas as luzes. Essas imagens
congeladas, as fotografias (e sobretudo as digitais), têm, ao meu ver, uma
retórica própria e polifônica. Falam da morte, é certo, falam do medo da morte
e do terror do desaparecimento, do esquecimento, da desmemória. Mas falam
também de uma incapacidade de fixação do real. Assim se torna necessário o ato
de congelar o real, de tranformá-lo em ídolo, em imagem, para tentar apreender
sua totalidade. Mas esse é um trabalho prometéico: o real não é aquilo, não
está lá, o real é uma ausência travestida de presença. A voracidade com que
produzimos imagens, especialmente com o advento da máquina digital, fala ainda
de nossa incapacidade de viver no real determinado pelo pensamento linear
ocidental. Essa linearidade cartesiana nos arranca a possibilidade da vida
ficcionalizada. A fotografia nos devolve a ficção que nos é extirpada e nos
reinventa como personagens de nós mesmos. Fotografar é também escrever a nós
mesmos e aos outros.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<br /></div>Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-64935210849694161192012-05-20T00:46:00.001-03:002012-05-20T00:55:19.610-03:00Trajeto (um poema em processo)<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:Arial;
panose-1:2 11 6 4 2 2 2 2 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:-536859905 -1073711037 9 0 511 0;}
@font-face
{font-family:"MS 明朝";
mso-font-charset:78;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:1 134676480 16 0 131072 0;}
@font-face
{font-family:"MS 明朝";
mso-font-charset:78;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:1 134676480 16 0 131072 0;}
@font-face
{font-family:Cambria;
panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:-536870145 1073743103 0 0 415 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-unhide:no;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:Cambria;
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"MS 明朝";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
.MsoChpDefault
{mso-style-type:export-only;
mso-default-props:yes;
font-family:Cambria;
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"MS 明朝";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
@page WordSection1
{size:612.0pt 792.0pt;
margin:72.0pt 90.0pt 72.0pt 90.0pt;
mso-header-margin:36.0pt;
mso-footer-margin:36.0pt;
mso-paper-source:0;}
div.WordSection1
{page:WordSection1;}
-->
</style>
<span lang="EN-US" style="font-family: Arial; font-size: 12pt;"><br clear="all" style="mso-special-character: line-break; page-break-before: always;" />
</span>
<br />
<div class="MsoNormal">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq6J-IA6PRSKbvUQBLi2z4-WORCMU-X9KzyqFxVKsFjEY2ejpRf_INrI1H6G3vTjY3lQJXwazkgqnGyKlOGFeJvAtjjfsVx7ybw4MXJE_61EJ5dtCwaCSVn84fJLTmAenNMiNn/s1600/Csoy2FOhDoy84hofvY1t212Po1_400.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgq6J-IA6PRSKbvUQBLi2z4-WORCMU-X9KzyqFxVKsFjEY2ejpRf_INrI1H6G3vTjY3lQJXwazkgqnGyKlOGFeJvAtjjfsVx7ybw4MXJE_61EJ5dtCwaCSVn84fJLTmAenNMiNn/s320/Csoy2FOhDoy84hofvY1t212Po1_400.jpg" width="241" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>Le ruisseau serpente</i>, Paris, 1932 - Brassaï</td></tr>
</tbody></table>
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Maçã.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Velhos que se falam</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><strike style="color: #073763;">em</strike> </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">uma língua incompreensível.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Três quilômetros de paredes
descascadas:</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Outra cidade.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Palavras.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">A casa rosa</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">com platibanda branca,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><span style="color: red;"><strike style="color: #073763;">O</strike> o</span> rio prenhe de <span style="color: red;">embalagens
coloridas</span>,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><strike><span style="color: red;">o</span></strike> meu pai</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><strike style="color: red;">me</strike> acenando noutra plataforma.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Poema.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">A lembrança do poema,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">o reconhecimento do poema,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">a <strike><span style="color: red;">sua</span></strike> perda.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Velocidade em espiral<span style="color: #073763;">:</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">perfume barato,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">a casa rosa,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">crianças brincando <span style="color: black;">num
quintal</span>,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><strike style="color: #073763;">camiseta vermelha, </strike></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">a minha vida num quadrado
mágico.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Velocidade em espiral<span style="color: #073763;">:</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">a língua <span style="color: #073763;">dissoluta</span>,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">o filho morto da minha avó</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">na próxima estação,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><span style="color: #073763;">a minha avó</span>,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">arames farpados nos muros,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">como trepadeiras,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><strike style="color: red;">(</strike>o burburinho do trem<strike style="color: red;">)</strike><span style="color: red;">.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Poema.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">O cheiro do poema.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">O poema sujo de carne.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">O vidro embaçado</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><strike style="color: #073763;">do poema</strike><span style="color: #073763;">.</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">o<strike style="color: red;">s</strike> nervo<strike style="color: red;">s</strike> exposto<strike style="color: red;">s</strike><span style="color: red;"> </span><strike style="color: red;">do poema.</strike><span style="color: red;"><span style="color: black;">.</span></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #073763;">
<span style="font-family: Arial;">Poema.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Uma caixa de madeira ordinária</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">forrada de flores</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">e tecido <strike style="color: red;">de algodão</strike> <span style="color: red;">ordinário</span>.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"></span><span style="font-family: Arial;"><span style="color: #073763;">A</span> <strike style="color: #073763;">uma</strike> fotografia de alguém</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">que parece ser eu.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Tijolos vermelhos e brancos.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Velocidade descendente<span style="color: #073763;">:</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">O amigo sem <span style="color: #073763;">o</span> nó na garganta,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">o amigo luminoso horas antes,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">o amigo dançando na memória.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Velocidade descendente<span style="color: #073763;">:</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">A sua pele sobre a minha
pele,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">os seus cabelos alinhavados
aos meus,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">a cicatriz me atravessando.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">O poema.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">A voz inequívoca do poema.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">O gosto de sêmen do poema.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">O ritmo</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">a perda</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><strike style="color: #073763;">do poema</strike>.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">O meu avô na outra margem.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #073763;">
<span style="font-family: Arial;">O meu pai na outra margem.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #073763;">
<span style="font-family: Arial;">Eu.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">A cidade cinza,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><strike style="color: #073763;">contra</strike> o verde quase impossível</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">a mulher grávida</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">andando por sobre o lixão<span style="color: red;">,</span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><strike style="color: #073763;">A</strike> a lua<span style="color: #073763;">,</span> <strike style="color: #073763;">como</strike> o sorriso d<span style="color: #073763;">o</span><strike style="color: #073763;">e</strike> <strike style="color: #073763;">um</strike> gato.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Aceleração contínua.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Velocidade em espiral.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Talvez eu na próxima parada,</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;"><strike style="background-color: #f3f3f3; color: #073763;">vi</strike><span style="color: #073763;">V</span>isão do último trem subindo
ao céu</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">num livro muito velho.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Aceleração.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Desaceleração.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #073763;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #073763;">
<span style="font-family: Arial;">Repouso.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Arial;"><strike style="color: #073763;">Tudo parando.</strike></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial;">Cuidado com o vão entre o
trem e a plataforma.</span></div>Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-15283594854072105732012-02-25T20:07:00.002-02:002012-02-26T08:12:49.407-03:00O luto, dia após dia<b>27 de outubro: Quem sabe? Talvez um pouco de ouro nestas notas?</b><br />
<b> </b><span style="font-size: x-small;">R.B. </span><b><br />
</b><br />
<br />
<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"MS 明朝";
panose-1:0 0 0 0 0 0 0 0 0 0;
mso-font-charset:128;
mso-generic-font-family:roman;
mso-font-format:other;
mso-font-pitch:fixed;
mso-font-signature:1 134676480 16 0 131072 0;}
@font-face
{font-family:"MS 明朝";
panose-1:0 0 0 0 0 0 0 0 0 0;
mso-font-charset:128;
mso-generic-font-family:roman;
mso-font-format:other;
mso-font-pitch:fixed;
mso-font-signature:1 134676480 16 0 131072 0;}
@font-face
{font-family:Cambria;
panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:3 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-unhide:no;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:Cambria;
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"MS 明朝";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
.MsoChpDefault
{mso-style-type:export-only;
mso-default-props:yes;
font-family:Cambria;
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"MS 明朝";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
@page WordSection1
{size:595.0pt 842.0pt;
margin:72.0pt 90.0pt 72.0pt 90.0pt;
mso-header-margin:35.4pt;
mso-footer-margin:35.4pt;
mso-paper-source:0;}
div.WordSection1
{page:WordSection1;}
-->
</style> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxkTrIfwz38fFZhyphenhyphen9W6QJsjYeBhmEL3p4J-FGOftdGCrrAfI24WwnBfGO6UL8AjBT1GkTk6cLg36m7_VYYo7yQupmvOrfjX4UzMfnoIg_C1iqJUKQrXVQ_oQXjTmvJjX7fnMs_/s1600/barthes_repr292.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxkTrIfwz38fFZhyphenhyphen9W6QJsjYeBhmEL3p4J-FGOftdGCrrAfI24WwnBfGO6UL8AjBT1GkTk6cLg36m7_VYYo7yQupmvOrfjX4UzMfnoIg_C1iqJUKQrXVQ_oQXjTmvJjX7fnMs_/s400/barthes_repr292.jpg" width="296" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Eu estava no escritório de Luis Rufatto, havia acabado de entrevistá-lo para uma revista e acompanhava a sessão de fotos. Meus olhos passeavam por suas estantes, pelos títulos dos livros. Tenho olhos míopes e potencialmente voyeurs. Voyeurs de estantes de livros, de janelas abertas nas casas coloridas do interior do Brasil, dos pequenos gestos dos desconhecidos nas ruas. Fato é que parei diante de um título e, folheando-o, comentei: Esse do Barthes eu não conhecia.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O título do livro ficou dançando na minha cabeça e uma tarde acompanhada do poeta Fábio Andrade, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, depois de conhecer, nos acasos de São Paulo, em plena avenida Paulista, ao poeta e crítico Everardo Norões, o dito livro se circunscreveu entre os meus exemplares.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Mora ali agora, na cabeceira apinhada de títulos e o leio homeopaticamente desde então. <i>Diário de Luto</i>, de Roland Barthes, é um documento impressionante. Não é o livro acabado como o autor gostaria mas é, de forma bruta e brutal, impressionante relato de amor e de dor. Barthes começa a escrevê-lo um dia depois do falecimento de Henriette Binger, sua mãe. Cada dia, cada anotação revelam não sei dizer se o homem ou o menino devastado porque a dor e o desconsolo de Barthes é o de criança perdida. Não quero dizer com isso que ele, Barthes, seja infantil no que a palavra tem de pejorativo. Pelo contrário, ele é o “menino da sua mãe”, para usar a imagem de Pessoa num outro contexto.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Os escritos do luto de Barthes inspiraram o seu último livro <i>A Câmara Clara</i>, e os volumes de suas aulas o “Neutro” e “A Preparação do Romance". De fato, em uma anotação do dia 5 de junho de 1978 ele diz que após a morte da mãe (mam, como ele a chama) sente uma nova necessidade de ser reconhecido e, completa: “Em certo sentido, também , é como se eu precisasse fazer reconhecer mam. Isto é o tema do monumento (...) E é certo que em todos esses escritos Henriette Binger está presente, especialmente em <i>A Câmara Clara</i> que, mais que uma reflexão sobre a fotografia, é, sobretudo, uma reflexão sobre a morte. Não por acaso Jacques Derrida em um emocionante ensaio intitulado <i>As Mortes de Roland Barthes</i> afirma que este, como nenhum outro livro “velou o seu autor”.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Disse um pouco antes que leio <i>Diário de Luto</i> homeopaticamente. Sinto que com isso prolongo a dor de Barthes e compreendo melhor a minha. Ele dizia que ler é pretender ser a obra. E eu digo que essa é a obra que eu gostaria de ter escrito.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;"><b> [Na foto, Roland e Henriette, sua mãe]</b></span></div>Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-62132256821922448112011-12-10T19:40:00.000-02:002011-12-10T19:40:47.832-02:00Os livros de 2011Quais o melhor ou os melhores livros que você leu em 2011?<br />
<br />
Eu elegi cinco (até aqui, pois espero ler ainda dois até o dia 31).<br />
<br />
1. <b>o remorso de baltasar serapião</b>, de valter hugo mãe<br />
2. <b>Poemas</b>, de Wislawa Szymborska<br />
3. <b>Não sou ninguém</b>, de Emily Dickinson (tradução de Augusto de Campos)<br />
4. <b>Saber o sol do esquecimento</b>, de Casé Lontra Marques<br />
5. <b>A letra e a voz</b>, de Paul Zumthor <br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://httpcolonforwardslashforwardslashwwwdotjenniferdanieldotcom.com/images/lg114.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://httpcolonforwardslashforwardslashwwwdotjenniferdanieldotcom.com/images/lg114.jpg" width="261" /></a></div>Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-50715977954049972562011-12-10T13:46:00.002-02:002011-12-10T13:46:26.582-02:00Sustenido<h6 class="uiStreamMessage" data-ft="{"type":1}" style="font-family: inherit; font-weight: normal;"><span style="font-size: small;"><span class="messageBody" data-ft="{"type":3}"><br />
<br />
A boneca mora<br />
na casa construída<br />
pelo sonho da menina.<br />
<span class="text_exposed_show"> A menina (morta)<br />
habita<br />
o sonho<br />
a casa<br />
e a boneca<br />
que agora a determinam.<br />
<br />
Num coração <br />
duas palavras escritas<br />
e ao amor<br />
todas as concessões<br />
que se permitam.</span></span></span></h6>Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-70817635386516772592011-12-09T14:06:00.001-02:002011-12-09T14:07:02.918-02:00João Alexandre Barbosa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQJHAWvAK0M8pQqKTbNANcYjAO7WhdVamNPthaCixu1L9HjzD4KwMltJm4nGN9C9rlLyGNpCEfb4_5ONVdsbHdV-rzNtKD05OOVp-mdDGmkiuvCTz2wSkivsO4YCFHwrl7OqzT/s1600/20060803-barbosa230-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQJHAWvAK0M8pQqKTbNANcYjAO7WhdVamNPthaCixu1L9HjzD4KwMltJm4nGN9C9rlLyGNpCEfb4_5ONVdsbHdV-rzNtKD05OOVp-mdDGmkiuvCTz2wSkivsO4YCFHwrl7OqzT/s1600/20060803-barbosa230-1.jpg" /></a></div><h6 class="uiStreamMessage" data-ft="{"type":1}" style="font-family: inherit; font-weight: normal; text-align: justify;"><span class="messageBody" data-ft="{"type":3}"><span style="font-size: small;"><span style="font-weight: normal;">Tive alguns privilégios na vida até agora. Dois deles envolvem a mesma pessoa, João Alexandre Barbosa. João Alexandre prefaciou meu primeiro livro, Geografia Íntima do Deserto. João Alexandre foi professor convidado para a minha banca de qualificação no mestrado. Infelizmente faleceu antes da minha defesa. E era uma pessoa incrivelmente generosa.</span></span></span><span style="font-size: small;"><span class="commentBody" data-jsid="text"> Tive algumas tardes memoráveis na biblioteca de João. As conversas eram longas, mas mal me dava conta da passagem do tempo. Invariavelmente eu saía de sua casa com um livro novo debaixo do braço. Planejamos uma vez um passeio que nunca chegou a acontecer, um roteiro pelos sebos de São Paulo.</span></span></h6>Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-21770556453695295392011-09-27T12:23:00.002-03:002011-09-27T12:33:34.147-03:00Trajeto (poema em processo)<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:Arial;
panose-1:2 11 6 4 2 2 2 2 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:3 0 0 0 1 0;}
@font-face
{font-family:"MS 明朝";
panose-1:0 0 0 0 0 0 0 0 0 0;
mso-font-charset:128;
mso-generic-font-family:roman;
mso-font-format:other;
mso-font-pitch:fixed;
mso-font-signature:1 134676480 16 0 131072 0;}
@font-face
{font-family:"MS 明朝";
panose-1:0 0 0 0 0 0 0 0 0 0;
mso-font-charset:128;
mso-generic-font-family:roman;
mso-font-format:other;
mso-font-pitch:fixed;
mso-font-signature:1 134676480 16 0 131072 0;}
@font-face
{font-family:Cambria;
panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:3 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-unhide:no;
mso-style-qformat:yes;
mso-style-parent:"";
margin:0cm;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:Cambria;
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"MS 明朝";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
span.msoIns
{mso-style-type:export-only;
mso-style-name:"";
text-decoration:underline;
text-underline:single;
color:teal;}
span.msoDel
{mso-style-type:export-only;
mso-style-name:"";
text-decoration:line-through;
color:red;}
.MsoChpDefault
{mso-style-type:export-only;
mso-default-props:yes;
font-family:Cambria;
mso-ascii-font-family:Cambria;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-fareast-font-family:"MS 明朝";
mso-fareast-theme-font:minor-fareast;
mso-hansi-font-family:Cambria;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;}
@page WordSection1
{size:612.0pt 792.0pt;
margin:72.0pt 90.0pt 72.0pt 90.0pt;
mso-header-margin:36.0pt;
mso-footer-margin:36.0pt;
mso-paper-source:0;}
div.WordSection1
{page:WordSection1;}
-->
</style> <br />
<div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Maçã.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Velhos que se falam</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:49"></del></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel">em </span></span><br />
<span style="font-family: Arial;">uma língua incompreensível.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Três quilômetros de paredes descascadas:</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Outra cidade.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Palavras.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">A casa rosa</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">com platibanda branca</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:50"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">,</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:50"></del></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel">.</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:50"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">o</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:50"></del></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel">O</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"> rio prenhe de </span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:55">embalagens coloridas</ins></span></span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:55">lixo</del></span></span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:50">,</ins></span></span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:50">.</del></span></span><span style="font-family: Arial;"></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:50"></del></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel">O</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"> meu pai</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">me acenando noutra plataforma.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Poema.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">A lembrança do poema,</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">o reconhecimento do poema</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:50"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">,</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">a sua perda.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Velocidade em espiral</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:50"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">:</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">perfume barato</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:50"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">,</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">a casa rosa</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:50"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">,</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">crianças brincando num quintal</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:50"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">,</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:55"></del></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:55"></del></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel">camiseta vermelha</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">a minha vida num quadrado mágico.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Velocidade em espiral</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:51"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">:</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">a língua</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:56"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">dissoluta</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:51"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">,</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">o filho morto da minha avó</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">na próxima estação</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:51"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">,</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-09-18T20:00"></ins></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-09-18T20:00"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">a minha avó,</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">arames farpados nos muros</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">como trepadeiras</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:51"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">(o</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:51"></del></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel">o</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"> burburinho do trem</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:56">)</ins></span></span><span style="font-family: Arial;">.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Poema.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">O cheiro do poema.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">O poema sujo de carne.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">O vidro embaçado</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:56"></del></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel">do poema</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;">.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Seus nervos expostos.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T15:05"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">Poema.</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Uma caixa de madeira ordinária</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:57"></del></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel">coberta </span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:57"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">forrada </span></span><br />
<span style="font-family: Arial;">de flores</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">e tecido de algodão.</span><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T15:05"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">A</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T15:06"></ins></span></span></div><span style="font-family: Arial; font-size: 12pt;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T15:06"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel">Uma</span></span><br />
<div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;"> fotografia de alguém</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">que parece ser eu.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Tijolos vermelhos e brancos.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Velocidade descendente</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:52"></del></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel">.</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:52"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">:</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">O amigo sem </span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-09-18T20:01"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">o </span></span><br />
<span style="font-family: Arial;">nó na garganta<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:52"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">,</span></span><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">o amigo luminoso horas antes</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:52"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">,</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">o amigo dançando na memória.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Velocidade descendente</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:52"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">:</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:52"></del></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel">.</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">A sua pele sobre a minha pele</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:52"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">,</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">os seus cabelos alinhavados aos meus</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:52"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">,</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">a cicatriz me atravessando.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">O poema.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">A voz inequívoca do poema.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">O gosto de sêmen do poema.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">O ritmo</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">a perda</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:53"></del></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel">do poema</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;">.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">O meu avô na outra margem.</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-09-18T20:02"></ins></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-09-18T20:02"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">O meu pai na outra margem.</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-09-18T20:02"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">Eu.</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">A cidade cinza </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-09-18T20:02"></del></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel">contra </span></span><br />
<span style="font-family: Arial;">o verde quase impossível</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-09-18T20:02"></del></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel">.</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-09-18T20:02"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">a</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-09-18T20:02"></del></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel">A</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"> mulher grávida</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">andando por sobre o lixão</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-09-18T20:02"></del></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel">.</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-09-18T20:03"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">a</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-09-18T20:03"></del></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel">A</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"> lua<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:58">,</ins></span><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:58">como</del></span> o sorriso d<span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-09-18T20:03">o</ins></span><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-09-18T20:03">e um</del></span> gato.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Aceleração contínua.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Velocidade em espiral.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Talvez eu na próxima parada,</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:54"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">Vi</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:54"></del></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel">vi</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;">são do último trem subindo ao céu</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">num livro muito velho.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Aceleração.</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:58"></ins></span></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Desaceleração.</span><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:58"></ins></span></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns"><ins cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:54"></ins></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoIns">Repouso</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel"><del cite="mailto:Micheliny%20Verunschk%20Machado" datetime="2011-05-18T00:54"></del></span></span><br />
<span style="font-family: Arial;"><span class="msoDel">Tudo parando</span></span><br />
<span style="font-family: Arial;">.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial;">Cuidado com o vão entre o trem e a plataforma.</span></div>Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-16619440208781889472011-09-06T12:51:00.000-03:002011-09-06T12:51:45.892-03:00Encontros de InterrogaçãoMais de 50 escritores brasileiros se encontram a partir de amanhã na sétima edição do Encontros de Interrogação. Lygia Fagundes Telles, Marcelino Freire, Claudio Daniel e Claudia Roquette-Pinto, entre outros. Imperdível<br />
<br />
Eu também estarei presente!<br />
<br />
Sexta, dia 09 de setembro<br />
<br />
16h30 <i>Quais São os Limites entre a Biografia e a Ficção?
</i> com <b>Micheliny Verunschk</b>, <b>Miguel Sanchez Neto</b> e <b>Tatiana Salem Levy</b>
mediação<b> Claudia Nina</b><br />
Quando o que se deseja é a confissão, como fazer isso o mais literariamente possível? Quais são os limites entre o que é ficcional e o que é biográfico? O que é autoficção? <br />
<br />
<br />
Programação completa, clique <a href="http://www.itaucultural.com.br/index.cfm?cd_pagina=2841&cd_materia=1688">aqui</a>.Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-40003538563192752992011-08-12T15:49:00.002-03:002011-08-20T13:12:35.414-03:00Barbárie: Em Londres, nas ruas do Brasil, nos Paquistões do mundo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjA-ufJgu2dwScpsyqQCDbvoiJ4rPHAwhq4YTnN9IwqBeW5HLZk_3_wLxCEYRen78s4idAMW4IgYx9HHx4Dq2_Jf-VL4dRgbTlINcxwflHMCzU-fjHBUnAT88pt4q_HBwd0eYaM/s400/Israel+Palestinos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjA-ufJgu2dwScpsyqQCDbvoiJ4rPHAwhq4YTnN9IwqBeW5HLZk_3_wLxCEYRen78s4idAMW4IgYx9HHx4Dq2_Jf-VL4dRgbTlINcxwflHMCzU-fjHBUnAT88pt4q_HBwd0eYaM/s400/Israel+Palestinos.jpg" width="370" /></a></div><br />
<br />
Não sei se sou alarmista ou pessimista. Possivelmente nem uma coisa nem outra. No entanto ao assistir por 10 minutos qualquer noticiário que seja me convenço que o mundo se torna cada vez mais um lugar perigoso para todas as espécies, sobretudo a humana.<br />
<br />
Barbárie, eu sei, sempre existiu desde que o mundo é mundo, desde que o primeiro hominídeo rachou a cabeça do outro por futilidade, raiva, inveja, o que seja.<br />
<br />
Os recentes conflitos em Londres me espantam não por serem em Londres, não por acontecerem num país de "primeiro mundo", mas por alguns depoimentos de jovens que dizem "não saber o que os motivou a depredar, roubar, matar". Não, não creio que isso seja fruto apenas de uma força irracional e primitiva e acredito que há motivos muitos fortes pelo qual o Estado quer se eximir. Jovens estrangeiros oprimidos, sem um Estado que os valha, falta de perspectiva, preconceito, racismo. Acho que isso já ferve o caldeirão, ou não? Mas penso que a falta de politização desses jovens, a alienação em que nossas gerações mais recentes vivem engrossa o caldo e ainda é responsável por esse "desconhecimento"das causas que levam a matar, depredar, roubar. Há poucos anos atrás em São Paulo, a Avenida Paulista viveu distúrbios parecidos (mas em menor extensão de tempo e danos) devido a uma mal-sucedida partida de futebol...<br />
<br />
Por falar em Brasil, aquilo que chamo caretização da sociedade e, sobretudo da juventude brasileira, me preocupa. No país da piada pronta tudo é motivo de um certo riso desdenhoso e perverso, basta ver o sucesso que fazem programas de TV como o CQC e seus côngeneres. Mas o que podemos esperar de um país onde a burrice e a arrogância são exaltadas? Onde ser celebridade é um dos mais altos ideais? A nação do "povo cordial" tem escancarado seu preconceito, despeito e desrespeito pelas minorias. A nação do "povo cordial" me parece cada vez mais afundada na intolerância e hipocrisia.<br />
<br />
O historiador Eric Hobsbawm no ensaio <i>Barbárie: Manual do Usuário</i> faz uma análise profunda desse mal que vem se alastrando sobretudo a partir do século XX. Em certo ponto ele diz que o que herdamos da moral dos anos 1970 foi a ideia de que a barbárie é mais eficaz que a civilização. E ainda:<br />
<br />
"Sob tais circunstâncias de desintegração e política, devemos esperar, em todo caso, um declínio na civilidade e um crescimento na bárbarie. Entretanto, o que torna as coisas piores, o que sem dúvida as tornarea piores no futuro, é o constante desmantelamento das defesas que a civilização do Iluminismo havia erigido contra a barbárie (...). O pior é que passamos a nos habituar ao desumano. Aprendemos a tolerar o intolerável".<br />
<br />
Que se matem civis desarmados, que se arranquem os dedos dos inimigos para colecionar, que se matem mulheres e se dêem aos cães os seus restos mortais, que se matem crianças de fome, de guerra, de pervesão, que se matem os negros por serem negros, os homossexuais por querer amar.<br />
<br />
São essas as bandeiras do nosso tempo? É essa a herança que deixaremos?<br />
<br />
Já vivemos isso antes. Já vimos como os totalitarismos se aproveitam dessa sanha ignorante. Não é possível que deixaremos tudo acontecer novamente.<br />
<br />
Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-90099735415033108282011-07-19T21:48:00.002-03:002011-07-19T21:48:10.218-03:00Vou ali e já volto...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizRjm2J5KSHRRJgmpN2JCDHrTvY9K1EfbqPwaOtfSZEVlMNZ6MhpckSwPZAk6gYo0zLhn0hbJXS407cfBRIvvZLaqUFMssB2jnb94V6p1rqrEiHoboeeflH7EIm5z01A06ZKIM/s1600/cyntia%252Bsantos%252B1-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizRjm2J5KSHRRJgmpN2JCDHrTvY9K1EfbqPwaOtfSZEVlMNZ6MhpckSwPZAk6gYo0zLhn0hbJXS407cfBRIvvZLaqUFMssB2jnb94V6p1rqrEiHoboeeflH7EIm5z01A06ZKIM/s400/cyntia%252Bsantos%252B1-1.jpg" width="400" /></a></div><br />
Mini-férias!Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-34717433360433181652011-07-02T01:26:00.000-03:002011-07-02T01:26:19.229-03:00TrabalhandoEstou a pensar em Baltasar Serapião. A pensar em Valter Hugo Mãe. A pensar na minha prosa. E no título do meu novo romance, aquele que comecei, parei, recomecei e só pegarei de novo quando passar o turbilhão de rever o outro, o supostamente terminado. Enfim, o novo romance há de se chamar (ao menos provisoriamente) "O Amor, esse obstáculo".Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-31103287076793273582011-06-27T23:24:00.003-03:002015-01-06T18:48:29.752-02:00Janela: A poesia de Ehre<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0E-ywX3SA8Z73UnA3jgJddgMQwxkjmE2GFRVEJLHSAv_F3ajN2MrY7jJ_JwtddLAea-9qgmGj1PUwgeuix6p87uYiq-HIK-kTqbUR_dbQUdaPfL_3K9W7kwpUivmJ9xwZBTcJ/s1600/window.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0E-ywX3SA8Z73UnA3jgJddgMQwxkjmE2GFRVEJLHSAv_F3ajN2MrY7jJ_JwtddLAea-9qgmGj1PUwgeuix6p87uYiq-HIK-kTqbUR_dbQUdaPfL_3K9W7kwpUivmJ9xwZBTcJ/s320/window.jpg" height="320" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
Conheço Ehre há alguns anos, já. Sua poesia, também. Poesia guardada por muito tempo, oferecida, biscoito fino ou homeopatia, a alguns poucos e muito próximos.<br />
<br />
Sua poética tende entre a concisão e o derramamento. E isso muito me apetece, embora eu tenha um certo hábito (ou mania) de achar que a concisão faz a força de qualquer poeta.<br />
<br />
Obviamente ninguém tem nada a ver com minhas patologias críticas e acredito que, condensada ou esparramada, a poesia de Ehre é forte e intensa de qualquer maneira.<br />
<br />
Seu olhar é daqueles que captura imagens e nisso, creio, nos aproximamos, nessa quase crença de que fazer poesia é algo similar a fazer fotografia. Desse seu "olho fotográfico" não escapam suas leituras e mesmo quando sua poética é intertextual ou metalinguística, é a imagem, sempre ela, a prevalecer. No entanto, sua palavra não é descritiva. Há como que uma filiação fenomenológica que busca o olhar do outro a partir de sua própria subjetividade. Merleau-Ponty dirá que a "percepção do mundo funda para sempre nossa ideia de verdade". A poética do olhar de Ehre dirá que essa percepção só é possível pelo cruzamento de subjetividades, pelo diálogo, mesmo que este (como toda empresa humana) seja pontuado de equívocos.<br />
<br />
Convido-os a ler Ehre.<br />
<br />
Logo abaixo, um poema dela. E em <a href="http://cantarocantar.tumblr.com/">Cântaro Cantar </a>, sua página, muitos outros. Depois me contem.<br />
<br />
<div class="MsoNoSpacing">
<span lang="EN-US">ANDREI NO TRAPÉZIO</span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Respira.</div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span lang="EN-US">O vento dos teus sonhos </span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span lang="EN-US">faz as árvores do mundo dançarem.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
Salta.</div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span lang="EN-US">A dança do teu corpo </span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<span lang="EN-US">faz o mundo do sonhos respirar.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
A infelicidade tem preço: inércia.</div>
<div class="MsoNoSpacing">
A felicidade tem nome.</div>
Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-50988051042511296012011-06-10T00:18:00.000-03:002011-06-10T00:18:45.765-03:00PescaO peixe<br />
é palavra,<br />
é sabre<br />
e poema,<br />
escamas de prata.<br />
Desliza na linha,<br />
se perde<br />
na água,<br />
ondula <br />
num verso,<br />
esguio,<br />
escapa.<br />
Seus<br />
olhos<br />
(sereias)<br />
fascinam<br />
e matam.<br />
O leque<br />
do rabo<br />
te acorda<br />
com um tapa.<br />
O peixe<br />
é<br />
<br />
palavra.Micheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-33196340.post-45351810368035051602011-06-03T14:52:00.001-03:002011-06-03T14:53:40.505-03:00A mulher que queria ser Micheliny VerunschkQueridos amigos, há um tempo atrás o escritor Wilson Freire tomou meu nome emprestado e o cedeu a uma personagem que me conquistou de cara. Amanhã é o lançamento do livro dele que se chama (o que me deixa toda, toda, me sentindo assim John Malkovich, sabem?) "A mulher que queria ser Micheliny Verunschk". Espero encontrá-los lá.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVJZm-RRcTlEhRU6o62siciSiAKeMY0BbHq9DtzdCeikMngC4c4j9KFYsV2PhyvF8X7rfTLalcyveDfbGhy8lhKpgTsX81bhbAq5B3-rK7ODfgO8AiFHhyIRbTd6MOuzYyt4sE/s1600/Capa_a-Mulher-694x1024.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVJZm-RRcTlEhRU6o62siciSiAKeMY0BbHq9DtzdCeikMngC4c4j9KFYsV2PhyvF8X7rfTLalcyveDfbGhy8lhKpgTsX81bhbAq5B3-rK7ODfgO8AiFHhyIRbTd6MOuzYyt4sE/s320/Capa_a-Mulher-694x1024.jpg" width="216" /></a></div><br />
<br />
Aliás, o livro é uma das crias da <a href="http://visiteedith.com/">Edith</a>, coletivo editorial muito bacana do qual participa o querido Marcelino Freire. Tem um montão de lançamentos amanhã...<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5q16mc49s8ojXhP4oTeblXsDrH5ucVOnLixgTUNhR3KKYjNLHUNTG4k5lOoZle7qM5kU6tFkRZdhKxVHzEDVjbD2ruOYDbKifvNT9fpz2TVkUt8C3X-1FqSiBBUz970NXYp7b/s1600/lanc%25CC%25A7amentos-EDITH.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5q16mc49s8ojXhP4oTeblXsDrH5ucVOnLixgTUNhR3KKYjNLHUNTG4k5lOoZle7qM5kU6tFkRZdhKxVHzEDVjbD2ruOYDbKifvNT9fpz2TVkUt8C3X-1FqSiBBUz970NXYp7b/s320/lanc%25CC%25A7amentos-EDITH.jpg" width="201" /></a></div><br />
E, mais, tem podcast de três capítulos do livro nesse link <a href="http://www.blogger.com/a%C3%AD:%20http://soundcloud.com/luisrafaelmontero">aqui</a>.<br />
<br />
Lá: Centro Cultural b_arco<br />
Rua Dr Virgilio de Carvalho Pinto, 426<br />
das 18 às 21hMicheliny Verunschkhttp://www.blogger.com/profile/06432024326721625951noreply@blogger.com2