08 dezembro, 2010

Poema em processo -2

Um Klint

A cor falsificada,
a textura
imprecisa,
o nome esquecido
entre sinapses.

Talvez chame-se espelho
isto o que vejo.
Talvez chame-se afeto
isto o que quebro.

As cores,
ruivo,
laranja,
castanho,
branco azulado.

A palavra se perde,
mas era eu
em lâminas de ouro.

6 comentários:

Fanzine Episódio Cultural disse...

O Fanzine Episódio Cultural é uma jornal bimestral (Machado-MG/Brasil) sem fins lucrativos distribuído gratuitamente em várias instituições culturais, entre elas: Casa das Rosas (SP/SP), Inst. Moreira Salles (Poços de Caldas-MG) e Cia Bella de Artes (Poços de Caldas-MG). De acordo com o editor e poeta mineiro Carlos Roberto de Souza (Agamenon Troyan), “o objetivo é enfocar assuntos relacionados à cultura, e oferecer um espaço gratuito para que escritores, poetas, atores, dramaturgos, artistas plásticos, músicos, jornalistas... possam divulgar suas expressões artísticas”.

Marina Ráz disse...

Lâminas de ouro. Me lembrou e.e.cummings em "colher de prata". Adorei.

Marcos Ramos disse...

Gosto muito da sua poesia, Micheliny. Li, não tem muito tempo, Cartografia da Noite e achei um ótimo livro, especialmente os momentos de mais contenção, pois não se furtam a certa densidade. Vou acompanhar seu blog. Um abraço, Marcos.

www.marcosaramos.blogspot.com
(breves escritos - poemas em construção)

Luiz Neves de Castro disse...

Natal, Novo Ano
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Micheliny, desejo a você feliz 2011, um ano de muito sucesso, 12 meses de muita saúde, 62 semanas de muitas alegrias, coragem e inspiração, 365 dias de muita sorte, 8760 horas repletas de amor e paz.

Diogo de Oliveira Reis disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Diogo de Oliveira Reis disse...

Micheliny, entro aqui quase como um intruso, o meu único ingresso é a paixão pela literatura e o desejo de conhecer os autores contemporâneos.

Se você achar que serve um ingresso anônimo desse tipo, então me permita continuar escrevendo.

Tento entender seu poema, não sei até que ponto consigo. Na primeira estrofe o que mais me chama a atenção é a existência de um nome esquecido entre sinapses.

Que nome seria esse?, eu, como leitor, me pergunto. A perda de uma identidade unívoca seria semelhante a um processo de amnésia? Ou seria uma outra coisa, um outro nome aquele que se busca, diverso do nome próprio e quase postiço que arbitrariamente nos afirma no mundo?

Na segunda estrofe, tem-se um espelho difuso, indeterminado, que só pode existir como resultado de uma fragmentação. Espelho que só existe para converter-se, ou coexistir, com uma outra coisa, também ela imprecisa: "Talvez chame-se afeto/isto o que quebro".

Na terceira estrofe, retoma-se as duas anteriores. O "talvez espelho" tem cores falsificadas e textura imprecisa. Depois da quebra, resta o traçado deixado pelas cores:ruivo,laranja, castanho, branco azulado.

Na quarta estrofe, a palavra encontra-se perdida, e traz consido toda a alteridade radical das lâminas de ouro que finalizam o poema. Apenas perdida, a palavra deixa de ser postiça e pode expressar a identidade de quem não existe senão como devir e fragmentação, e nunca como unicidade e completude.

Espelho, afetos, um nome: tudo num mesmo movimento, em que as coisas existem apenas como talvez. O espelho adquire a imprecisão dos afetos, e estes, por sua vez, se concretizam no vidro que se quebra e se desfaz em láminas de ouro.

No meio de todo o processo, existe um nome, a movência de um eu que não se deixa fixar. Um eu que é todo ele movimento.

Micheliny, peço desculpas por essa intrusão de leitor. No meu impulso de compreender, provavelmente reduzi o poema, mas acho que não poderia ser diferente. Invento apenas uma interpretação, entre muitas possíveis.

Agradeço-lhe por brindar esse leitor intruso (talvez quase todos os leitores sejam intrusos) com este brilhante poema.