24 abril, 2010

Por delicadeza eu perdi a vida









Eu tinha cerca de 25 anos quando li Rimbaud pela primeira vez. Fiquei impressionada com a força dos seus versos, com a intensidade das suas imagens, com sua proposta de poesia como um total desregramento dos sentidos. Fiquei impressionada, lembro, principalmente com sua "paleta de cores".

Rimbaud era uma criança terrível, como todos os anjos são terríveis (parodiando Rilke)e criou uma das obras mais densas e de maior vanguarda de todos os tempos em poesia.

Toda sua obra foi composta entre os 15 e 18 anos de idade e foi com essa obra que incediou Paris, o poeta Verlaine e o mundo até hoje.

Morreu com a idade que tenho hoje, depois de ter abandonado a poesia e levado uma vida adulta obscura.

Na semana em que se divulgou uma nova foto de Rimbaud (na primeira foto, ele é o segundo da esquerda para a direita) coincidentemente estou relendo sua obra e de novo me apaixonando por suas cores e mais uma vez me admirando com seu Barco Bêbado, com suas Vogais, com a sua Venus Anadyomene.

A propósito, continuo preferindo o jovem Rimbaud, sua biografia transgressora, sua atitude. O Rimbaud adulto não me interessa a não ser, talvez, pelo que tem de trágico.

2 comentários:

: A Letreira disse...

MI, Rimbaud foi mesmo um arteiro, incendiário dos sentidos, magnífico "Eu escrevia silêncios, noites, anotava o inexprimível. Fixava vertigens". Vou te batizar minha comadre virtual! Beijoprati.

Wilson Torres Nanini disse...

Micheliny,

quando tinha 15 anos, muitas coisas aconteceram em minha vida. Meus pais se separaram. Deixei meus cabelos crescerem, ouvia muito Nirvana e descobri a obra de Rimbaud. Fiquei alucinado, pois não sabia que era possível fazer poesia daquela forma. Garimpei tudo o que pude do poeta, de biografias, filmes, cartas, e, óbvio, seus poemas. Ainda não sei se prefiro mais Uma Temporada no Inferno ou As Iluminações, pois toda vez que toco nesses livros, os nino como filhos preciosos. Dentre tudo o que li até hoje, Rimbaud foi o primeiro choque, retomado em mais duas oportunidades: quando descobri a obra de Guimarães Rosa e, anos mais tarde, li seu Geografia Íntima (...). Quanto ao fato de Rimbaud ter sua biografia mais interessante enquanto poeta, ele mesmo fez questão disso, como uma espécie de marketing, não sei. rsrs. De qualquer modo, é fascinante saber que ele escreveu tudo aquilo antes mesmo da barba lhe ter brotado.

Forte abraço!