O mundo alternativo

Finalmente terminei de ler o livro O Mundo Pós-Aniversário, de Lionel Shriver. A premissa do romance é o que aconteceria se fosse possível viver nossas vidas e nossas escolhas de dois modos diferentes. Sabe quando às vezes pensamos  e se eu tivesse dado aquele beijo ou  e se eu tivesse investido naquele sonho ou ainda  e se eu pudesse voltar atrás teria feito diferente?

Pois bem, Irina Galina, a personagem principal, envolve-se com dois homens em tudo diferentes em duas histórias paralelas que curiosamente começam num único primeiro capítulo e tem um único capítulo final (embora os finais não confluam). Confuso? Não mesmo.

Quando eu era adolescente, eu e uma amiga "brincávamos" de imaginar realidades alternativas para nossas vidas. Ok, nem sempre era divertido, o exercício de imaginação sobre nossas escolhas pode nos levar a lugares obscuros nos quais, de verdade, não queremos estar e é isso o que a autora faz com o leitor, expondo defeitos, mesquinharias, a humanidade dos personagens no seu cotidiano.

Não há herói possível, nem  condescendência sob qualquer aspecto da vida de um casal ou da convivência com a família e amigos. O sentimentos, sejam eles os mais nobres ou aqueles dos quais não nos orgulhamos são esmiuçados e expostos com uma franqueza avassaladora.

 Esse post, propositalmente brinca com a aproximação (dada pela primeira pessoa do plural) e com o distanciamento (afinal, tratamos "deles", dos personagens), isso porque quem aventurar-se pelas 500 págimas de O Mundo Pós-Aniversário perceberá que é impossível passar por essa leitura sem se envolver, sem, em algum momento, se reconhecer.

PS- Em vários  momentos a leitura desse livro me remeteu à Reparação, de Ian MacEwan. Perto do final, a personagem tenta ler esse mesmo livro.