26 setembro, 2008

Adrienne Rich


De um poeta, diz-se, a única biografia deveria ser a data de nascimento e a data de morte. No entanto, não resistimos e procuramos esmiuçar a vida do poeta, seus gostos, desgostos, hábitos, paixões. Assim, temos que a poeta Adrienne Rich nasceu norte-americana em 1929, filha de pai judeu e mãe cristã. Tornou-se judia por opção. É defensora ardorosa dos direitos humanos, da cultura da paz e é feminista engajada pelos direitos dos homossexuais, questões que são, inclusive, vitais para a compreensão de sua obra. Publicou 17 livros de poesia e 4 ensaios. Nenhum deles publicado no Brasil, infelizmente. Em Portugal, a editora Livros Cotovia publicou, em edição bilingüe, Uma Paciência Selvagem.

Abaixo, um poema de Adrienne Rich e a minha versão para ele:

Women

My three sisters are sitting
on rocks of black obsidian.
For the first time, in this light, I can see who they are.

My first sister is sewing her costume for the procession.
She is going as the Transparent lady
and all her nerves will be visible.

My second sister is also sewing,
at the seam over her heart which has never healed entirely,
At last, she hopes, this tightness in her chest will ease.

My third sister is gazing
at a dark-red crust spreading westward far out on the sea.
Her stockings are torn but she is beautiful.

Mulheres 
Minhas três irmãs estão sentadas
sobre a obsidiana negra.
Pela primeira vez está claro
e posso vê-las.

A primeira costura uma túnica de procissão.
Ela, a Senhora Transparente,
desfilará com os nervos à mostra.

A segunda também costura 
sobre a ferida que nunca cicatriza dentro do coração.
Quem sabe agora, se alivia.

A terceira irmã avista
uma crosta vermelha e escura
(talvez púrpura)
que se lança mar afora.

Tem as meias rasgadas, essa irmã,
mas é tão linda!

(livre tradução de Micheliny Verunschk)

Para  escutar Adrienne Rich recitando o poema I dream I'm the death of Orpheus, clique aqui.

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