28 outubro, 2007

Enfeite

Enquanto não vinhas
eu pastorava as brisas
e à noite, juntava todas
nas cercas do meu sono.
Depois construía praças e jardins
com as palavras empilhadas sobre as cartas
com as cartas empilhadas sobre os dias
com os dias empilhados sobre o nunca.
Arquitetava flores e outra engenharia do tempo
enquanto não vinhas
e nada, nada, era belo assim.
Enquanto não vinhas
fiz para mim esta urna funerária
com que enfeitas hoje,
inadvertidamente,
a tua sala.

[do livro inédito A Cartografia da Noite]

3 comentários:

Anônimo disse...

Olá Micheliny,obrigado pela visita ao 'nos campos europeus'!
Nós temos um sofrimento em comum: eu também sou torcedor da cobra coral e sofro muito aqui em Londres cada vez que acesso os resultados dos jogos da segunda divisão! A gente tà quase na zona de rebaixamento!!! Morei muito tempo no Recife, embora tenha nascido na Bahia, e boa parte da minha família está em Pernambuco. Eu estive recentemente no Recife participando da Fliporto (tive um video-poema premiado no concurso que eles realizaram). Eu ouço muito falar de você, mas confesso que ainda não conheço bem a tua poesia. Vou procurar mais coisas tuas na net para ler. Se precisar de alguma coisa das bandas de cá, tô à disposição.

Um grande abraço - silvino

Anônimo disse...

tutu, nos "enquanto tu". êta cacófato porreta!

Micheliny Verunschk disse...

kkkk! Um "tutu" porreta mesmo. Eita que faz um tempão que lido com esse poema e não me dei conta. Valeu, leitor! Muito obrigada. Vou arrumar esse negócio e depois posto o poema novamente.

Abs!!!